Policiais celebram os 66 anos da mulher na Polícia Militar

Nesta quarta-feira (12/05) foi celebrado o Dia da Policial Feminina, a data foi escolhida para homenagear as primeiras mulheres a entrarem para a corporação em 1955. Foi em 12 de maio daquele ano que o então governador paulista Jânio Quadros publicou o decreto que permitia o ingresso de mulheres na corporação. Para celebrar a data o RDTv convidou para o seu estúdio virtual três mulheres policiais militares que atuam na região. Elas fazem parte de um grupo de pouco mais de 500 dentro de um universo de 3,8 mil integrantes da PM na região.

As entrevistadas do programa, apresentado pelo jornalista Leandro Amaral, foram: Vanessa Paolinelli Batista, sargento que atua no CPA-M6 (Comando de Policiamento de Área) que corresponde ao quartel central da polícia militar no ABC; Andreza Pareschi e Patrícia Ehremberger Dias, ambas são cabos da PM e atuam na região do Riacho Grande, em São Bernardo, no policiamento comunitário.

Newsletter RD

Paolinelli tem 17 anos de polícia, é natural de Ribeirão Preto e ingressou na polícia pela inspiração de um primo que é policial e de vários amigos também na carreira. Andreza tem 24 anos de PM, e entrou na corporação por um desafio entre amigos, duas mulheres e dois homens se propuseram a fazer a prova e as duas entraram. Já Patrícia já tem uma ligação umbilical com a corporação, o avô, o tio e o irmão são policiais militares e eles a inspiraram, há 23 anos, a entrar para a força policial.

As policiais contaram como foi o ingresso delas na PM. “Meu pai, que já é falecido, me lembro que disse que eu já era meio sargentona mesmo. Minha mãe ficou com medo, mas também ficou muito orgulhosa”, disse Paolinelli. Andreza diz que já tinha espírito de liderança desde criança. “Quando criança a gente via a policial militar como a Mulher Maravilha, mas eu não tinha referencial na família. Tenho muito orgulho da minha profissão do que eu faço dos meus parceiros dos comandantes das pessoas que me acompanharam. Para ser policial militar tem que gostar do que faz”, comentou Andreza.  Patrícia desde pequena alimentava o sonho de vestir a farda da PM. “Meu tio e meu avô eram policiais e eu falava que quando tivesse idade eu ia entrar para a PM. Quando eu tinha 17 anos minha mãe ligou no batalhão da região e perguntou como fazer e quando fiz 18 passei a fazer as provas, hoje já são 23 anos de polícia”.

As policiais falam dos desafios, da profissão e da necessidade de se impor em um território majoritariamente masculino. “Por ser mulher sempre tivemos que conquistar um espaço e num âmbito militar, mais masculino, não seria diferente. Temos que ter postura nos posicionar e mostrar serviço. Se tiver alguma situação tem que se impor mesmo”, diz Paolinelli.

Formações

Andreza conta que tem outras formações profissionais, é formada em psicologia e está cursando faculdade de teologia e ela diz que o policial tem que conhecer de toda área um pouco. “O policial militar tem que ter todas as profissões em uma só. Numa ocorrência a vítima que nos solicita quer solucionar o seu problema e, às vezes você tem que ser mãe, às vezes um pouquinho enfermeiro, psicólogo, professor, então a gente tem que ser de tudo, mas a força de vontade, a garra e a determinação não tem só na mulher, tem em todo policial militar. Hoje é o dia da policial feminina, mas todo o PM está nas ruas para servir o cidadão, não importa se é negro, branco, pobre ou rico, todas as pessoas que estão com dificuldades ligam 190 e é o policial militar que vai atender”, aponta a policial que tem bastante experiência na atuação no Proerd (Programa de Resistência às Drogas e à Violência) da Polícia Militar, como também sua colega Patrícia.

Salvamento

Andreza e Patrícia tiveram em fevereiro deste ano o momento mais marcante de suas carreiras, participaram do salvamento de uma criança de um ano e dois meses que havia se afogado em uma piscina. O menino estava em casa com a avó que, ao perceber o ocorrido, ligou para a mãe da criança em desespero. A mãe estava na Unidade Básica de Saúde e saiu do local também desesperada, se deparou com a viatura da PM e pediu socorro. Na viatura estavam as duas militares que seguiram para a casa onde ocorrera o acidente.

Patrícia e Andreza salvaram menino de um ano e dois meses vítima de afogamento. (Foto: Polícia Militar)

No local das policiais se depararam com a criança que estava sem respirar, deitada sobre um colchão inflável. Enquanto Andreza fazia os procedimentos para reanimar a criança, Patrícia pedia urgência no socorro médico. Não levou muito tempo e logo o menino reagiu e voltou a respirar. “Fomos instrumentos, foi por Deus. Recebemos depois a imagem dele andando no velocípede, brincando e sem sequelas, isso foi maravilhoso. Eu sou mãe de um homem de 27 anos, e com isso vem toda a memória o que vivenciei com meu filho”, disse Andreza sobre sua primeira atuação em um salvamento.

“Foi o momento mais marcante para mim, foi uma emoção muito grande. Eu tenho um filho de quatro anos. Naquele momento que ele voltou, senti que foi Deus nos guiou, nos orientou, nos deu a calma. A gente se coloca no lugar da mãe, mas tem que ser profissional, ter o equilíbrio, a razão para lidar com a situação. E depois ver a criança bem sem sequela nos deixou muito felizes e graças a Deus deu tudo certo”, contou Patrícia. Uma curiosidade é que a mãe da criança, Amanda, foi aluna de Patrícia no curso do Proerd, quando estava no ensino Fundamental.

Formação

O ingresso na Polícia Militar é feito através de concurso público, bem como também é dessa forma que os policiais sobem de posto na hierarquia da corporação. Já houve tempo em que a seleção era diferente para homens e mulheres, hoje a polícia não faz distinção por gênero, a prova é igual para todos e há alguma diferença em pontuação apenas nos exames físicos. Portanto os requisitos para uma mulher se tornar policial militar são iguais aos exigidos para os homens, mas elas têm as próprias exigências. Além da farda impecável, o inseparável batom não pode ficar de fora. “Não pode faltar uma um batonzinho, unha bem feita e um cabelo bem arrumadinho”, brinca Andreza, que completa: “Não pode faltar disciplina”.

“Imprescindível para entrar na PM é gosta do que faz”, comenta a cabo Patrícia. “Tem que gostar, ter amor ao próximo, dedicação e determinação. Tem que ter força realmente, porque eu fui uma policial que fiz escola longe daqui, em Taubaté, eu fiquei lá e aprendi muito na escola da polícia, mas principalmente determinação. É preciso focar para que seja uma excelente profissional para, no momento exigido, agir com profissionalismo”, conclui.

A sargento Paolineli destacou o treinamento e o autocontrole. “Tem que ter o coração e tem que ter o controle, pois a gente se depara com várias situações desde acidentes de trânsito e pessoas em situações tristes chocantes. São situações em que a gente tem que ter uma decisão rápida, por isso o preparo e o treinamento são muito importantes, mas também o autocontrole e a sensibilidade que a mulher tem de sobra né”, termina a policial.

 

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes