Estado descredencia escola para crianças autistas em São Bernardo

135 crianças autistas ficarão sem suporte (Foto: Reprodução/Facebook)

A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo descredenciou o convênio que mantinha a Escola Crerser, localizada no bairro Nova Petrópolis, em São Bernardo, e que atende 135 crianças autistas por meio de um convênio que permite às famílias manter estas crianças na escola com custos arcados pelo Estado.

O comunicado sobre o descredenciamento chegou para as famílias no dia 02 de maio, quando o contrato foi encerrado. Já a instituição escolar foi notificada sobre o descredenciamento 60 dias antes do término do contrato, e foi quando também começou a organizar os informes para pais e responsáveis pelas crianças.

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Segundo informações, a escola atende todas as exigências para participar do convênio, estas inclusive especificadas em edital. “Encerraram os serviços sem motivo algum, porque a escola atendia todos os requisitos exigidos. Não sabemos o que aconteceu, mas ficamos sem assistência”, conta uma mãe que preferiu não ser identificada.

Katia Maria Mendes Garcia Gomes conta que recebeu ligação da escola com o informe da necessidade de transferência do seu filho Leonardo, que está matriculado na instituição há quase 10 anos. “Ele tem apoio psicológico, tem material todo adaptado para as necessidades dele, tem atividades de educação física, música e artes. Essa transferência seria um desastre na vida dele, já que o mesmo levou um tempo para se adaptar a rotina da escola”, conta.

Segundo Katia, as crianças com autismo enfrentam muita dificuldade para socialização e adaptação. “Se adaptar a uma nova escola não é tão fácil assim, ainda mais com todos esses anos de convivência. Ele (Leonardo) tem um vínculo muito forte com todos os profissionais aos quais temos um imenso carinho e gratidão pelo serviço prestado e tanta dedicação ao meu filho”, enfatiza.

Questionada sobre a transferência de Leonardo, a mãe diz que aguardará determinação judicial. “Não concordo de maneira nenhuma com essa transferência. Nunca vi na minha vida uma mãe não ter direito de escolher onde o filho irá estudar, isso é um absurdo e uma violência contra essas crianças. Vou aguardar a decisão judicial”, salienta.

Aluna há 18 anos da instituição, Isabela da Cruz, de 25 anos, também terá que procurar outra escola caso a decisão não seja contornada. Segundo a mãe, Valéria Ap. Costa da Cruz, o aviso chegou nos últimos dias e pegou a família de surpresa. “Até então eu não sabia de nada, a própria Delegacia de Ensino decidiu pelo descredenciamento e não avisou ninguém. Quem contou foi a própria escola”, diz.

Assim como Katia, Valéria concorda que alunos autistas dependem de atendimento especializado, com profissionais que já possuam vínculo com os alunos. “Minha filha está em um ambiente que ela ama. Faz viagens com a escola, se comporta de uma maneira que jamais esperávamos. Tem passeios, festas, interage de uma forma única e, além disso, criou uma sociabilização muito legal. Não podem acabar com o serviço de uma vez”, reclama.

Na Crerser, Valéria diz que sua filha conta com atividades integradas com atendimento de: fonoaudióloga, fisioterapeuta, atividades recreativas, de interação, entre outros. “Temos todo um suporte escolar. Minha filha é o que é graças à Crerser, então é difícil estarmos nessa situação com todo suporte que a escola oferece […] não vou colocar ela em outra escola hoje, você precisa de vínculos, não é assim. Vai afetar muito nossa filha, o vínculo familiar e um trabalho de vários anos”, conta.

Estado responde

A Secretaria de Educação do Estado, por meio da Coordenadoria Pedagógica, esclarece que a rescisão do contrato com a instituição Crerser e a escola Vivência, ocorreu pelo descumprimento de cláusulas contratuais. Por determinação da Justiça, ambas se mantiveram em funcionamento até o último dia 2.
“Novos contratos foram celebrados com as instituições GAPI e Paulista que a partir de agora irão absorver os 137 alunos com transtornos do espectro autista (TEA), que possuem bolsas de estudos. Nenhum aluno será deixado para trás e nenhum benefício a estes alunos será interrompido”, informa a Secretaria em nota.
A diretoria de ensino de São Bernardo já está em contato com as famílias para informar a alteração e está à disposição para esclarecimentos.

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