Na pandemia, a internet tem sido a principal aliada diante do isolamento social. No entanto, assim como os recursos tecnológicos trazem benefícios como aprendizado para crianças e adolescentes, também podem representar novos desafios. A psicóloga Maria Regina Domingues de Azevedo, vice coordenadora de Psicologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), orienta que os pais tenham cautela ao facilitar o acesso das crianças ao mundo digital por conta de riscos do cyberbullying.
Esse é um problema que preocupa, principalmente, pediatras, psicólogos infantis, pais e responsáveis, uma vez que o Brasil é o país que registra o segundo maior índice de casos de bullying na internet, com concentração de 70% dos casos mundiais. “Nas redes sociais é onde mora o maior perigo e é onde o bullying virtual mais acontece, com cada vez mais frequência”, explica Regina, que também é docente de Clínica Pediátrica.
Em entrevista ao RDtv, a especialista diz que para evitar que os filhos sofram ou que sejam autores de violência virtual, é preciso ficar em alerta a questão em como a escola e os pais lidam com o tipo de ameaça. “O bullying infelizmente é um problema comum no ambiente escolar. É um ato de violência agressiva e repetitiva por parte de uma ou mais pessoas agressivas e que precisa estar em alerta para que seja repreendido”, afirma.
O ato de violência é uma forma de ataque e de intimidação que pode ser motivada, muitas vezes, por questões racistas e até discriminatórias. “Em nenhuma hipótese a criança que sofre o bullying pode deixar a questão de lado. A orientação é que ela peça para o agressor parar e, caso não pare, leve o problema para o professor e para os pais, para que a criança agressora e os pais sejam contatados e haja uma repreensão”, sugere.
Do mesmo modo, essa forma de violência tem ocorrido com frequência nos meios digitais, o chamado cyberbullying, e pode atingir qualquer pessoa que utiliza a internet, apesar de ser mais recorrente em crianças. “Principalmente por ser as crianças que acessam mais os jogos online, com interação, estão mais suscetíveis a ser vítimas do cyberbullying. Do mesmo modo, o cuidado deve ser intenso”, aconselha.
Apesar de existir a possibilidade do anonimato e a dificuldade de estabelecer leis específicas para crimes virtuais, infrações cometidas pela internet podem ser submetidas às penas legais. “A internet não é uma terra sem lei, e também possui recursos de defesa para as crianças e adolescentes”, diz.
Sinais
A escola e a família podem perceber os sinais de cyberbullying, ainda que ocorram, muitas vezes, de forma silenciosa, já que está em um contexto digital. Maria Regina alerta que mudança de comportamento como: criança mais introspectiva, perda de sono, apetite e sintomas físicos como dor de cabeça, vômitos constantes e diarreia podem apontar que algo não está certo. No caso de algum destes sintomas, a orientação é que os pais busquem atendimento especializado e/ou acompanhamento psicológico.