Comerciantes do Riacho Grande, em São Bernardo, reivindicam a volta da fase laranja do Plano São Paulo, para a retomada das atividades presenciais em restaurantes do ABC e realizam nesta quinta-feira (15/4) carreata e panelaço na cidade. Com o pedido e pressão do setor, o Consórcio Intermunicipal do ABC protocolou pedido ao Estado para a reavaliação da região a partir de segunda-feira (19/4).
O faturamento tem se tornado o maior desafio para os comerciantes que, sem apoio, dizem não ter mais alternativas para conseguirem manter os negócios, caso de Ronaldo Souza, proprietário do Xerife Espetinhos, que diz estar com as portas fechadas desde o começo da fase vermelha.
“Meu estabelecimento fica na avenida Kennedy, mas mesmo assim estou com dificuldades, o delivery não é a mesma coisa e os clientes reclamam que o produto chega frio, mesmo usando embalagens apropriadas, além de termos poucos pedidos, então por isso não compensa o gasto e decidimos parar por enquanto”, informa o proprietário.
Sem atividades presenciais, Cassia Nascimento e Fabio Reche, sócios do bar Carne e Cachaça, no Riacho, tem sentido a queda no faturamento, que chega a ser de 15% do valor normal. “Está longe do planejado para esses meses, pois não conseguimos levar a experiência do bar para o delivery. Trabalhamos conforme os decretos, mas é muito diferente, pois são dois meses que tiramos do planejamento, vamos ter que tirar dos próximos meses e não sabemos quando vamos voltar”, explica Reche.
Segundo a sócia, a margem de lucro também caiu, já que os preços tiveram que ser reduzidos, mas com a mesma qualidade dos produtos e revendas. “Num fardo de latinha de cerveja conseguimos tirar em torno de R$ 4 para vender o fardo inteiro, e para isso ela tem que estar muito interessada, não ter comprado em um mercado. Dependemos muito da venda de ultima hora. No delivery a concorrência é muito grande e as pessoas tem muitas opções do mesmo produto e muitas vão pelo preço”, informa Cassia.
Com a venda de marmitex, a empreendedora Sandra Lopes, do Melos Café e Bistrot, informa que a queda do faturamento chegou a 95%, o que acarretou na demissão de 4 funcionários e o trabalho realizado praticamente em família. “Tive que demitir, estou com apenas uma cozinheira e com as portas fechadas a demanda caiu muito. O faturamento está em torno de apenas 5%, de tudo o que faturava e vendendo apenas marmitex sem delivery, pois não trabalhávamos com essa opção mas agora se for perto eu mesma entrego”, explica.
Fase Laranja
Com a região na Fase Laranja, os empreendedores ficam esperançosos com a venda e consumo no local, ainda que seja com movimento menor. “Isso ajuda a recuperar os clientes, pois trabalhamos com churrasco que tem um custo maior para chegar com mais qualidade para os clientes e não temos esse custo servindo na mesa. A gente espera que as pessoas voltem com o interesse na experiência do bar”, explica Fábio.
Cássia ainda reforça a importância dos protocolos de segurança, mas não acredita em futuro promissor dos negócios com a fase de restrições. “Ninguém aqui é negacionista do vírus, a gente não pode esquecer que ele está aí, pois também temos medo, mas precisamos trabalhar mesmo nessa situação”, completa.