A pandemia da covid-19, iniciada em março do ano passado, fez com que a vida de todos tivesse de mudar de forma repentina e, muitas vezes, drástica. Incertezas no trabalho, restrições no convívio familiar e social e até mesmo a adaptação ao home office foram gatilhos de mudanças necessárias que levaram a sérios transtornos, como ansiedade, angústia, culpa, estresse e frustrações, que podem desencadear a compulsão como forma de aliviar incômodos e dores.
Em entrevista ao RDtv, o médico psiquiatra Cyro Masci explica que em meio ao isolamento social, a compulsão não é um transtorno incomum, uma vez que pode ser associada como uma “válvula de escape” para algumas pessoas. “A compulsão em si, tem uma certa autonomia das pessoas, porque elas percebem que sofrem com a compulsão. Mas, para chegar nela, é importante analisarmos os passos, o que leva até esse transtorno”, explica.
Em primeiro lugar, o médico diz que surge um pensamento intruso, chamado de primeira fase do transtorno compulsivo. “Acontece quando um pensamento de obsessão se intromete na mente da pessoa. É quando algo, fora do normal, começa a incomodar a cabeça da pessoa e, logo após, vem a compulsão, quando um comportamento sai do comum e passa a se tornar algo repetitivo, que interfere também o emocional das pessoas”, enfatiza.
Mas o que é a compulsão?
O comportamento compulsivo, de acordo com o médico, são hábitos repetidos excessivamente obtendo alívio e prazer imediato quando sanado com a obtenção daquilo que a pessoa deseja. Diferente do que muitos pensam, não está associada exclusivamente ao uso de álcool e drogas.
Especialmente no período da pandemia, é possível desenvolver diversos comportamentos compulsivos. Entre todos eles, senão o principal, está o da compulsão alimentar: necessidade de comer mesmo quando não sente fome (principalmente alimentos calóricos). Em casa, com a necessidade do isolamento social, a situação piorou, e com os alimentos em alcance a qualquer hora, o que antes as pessoas não ingeriam com tanta frequência, ingerem diariamente, a exemplo de bolos e biscoitos.
“Assim como a busca por aplicativos de delivery também contribuiu para que a comida chegasse com mais facilidade na casa das pessoas. Diferente de quando as refeições são preparadas para serem levadas para o trabalho ou para a escola (de forma mais saudável)”, lembra o médico.
Como melhorar
Masci lembra destaca que a união de medicamento prescrito por profissionais especializados e psicoterapia é a opção mais viável para o tratamento da compulsão, no entanto, aliar a atividades prazerosas também pode ajudar a controlar. “Ainda mais quando a causa do descontrole vem do estresse ou ansiedade”, completa.