O prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior (PT) tem uma reunião nesta quarta-feira (07/04) com o superintendente da Polícia Técnico Científica, Maurício Rodrigues, para tentar uma solução para o impasse que envolve o fechamento do posto do IML (Instituto Médico Legal) da cidade. Na segunda-feira (05/04) funcionários do IML de São Bernardo vieram retirar os equipamentos do posto sem qualquer aviso oficial à prefeitura que vinha negociando a manutenção dos serviços na cidade, inclusive se comprometendo a fazer reformas no espaço, para atender ao pleito dos peritos que atuam no local.
A questão virou uma disputa política, de um lado vereadores e a prefeitura cobrando que o IML fique, de outro o deputado estadual Márcio Paschoal Giudício, o Márcio da Farmácia (Podemos) que afirma ter negociado diretamente com o governador João Doria (PSDB) a continuidade do posto de medicina legal.
Diante do impasse a prefeitura de Diadema ainda não sabe como proceder nas ocorrências de mortes suspeitas em que é necessária a necropsia. Durante a madrugada de terça (06/04) ocorreu um falecimento como este e os secretários municipais tiveram que fazer contato com o IML de São Bernardo para saber como proceder. O corpo acabou sendo retirado levado para a cidade vizinha.
A situação se tornou uma crise institucional entre estado e prefeitura. Na manhã desta terça-feira (06/04) os funcionários do IML voltaram ao posto de Diadema e pediram reforço do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), órgão da Polícia Civil. No local estavam os secretários municipais Benedito Mariano (Defesa Social) e Wagner Feitosa, o Vaguinho do Conselho (Meio Ambiente) além de vereadores das bancadas de oposição e situação, entre eles o presidente da Câmara, Josemundo Dario Queiróz, o Josa (PT). Um dos funcionários do IML disse que a desativação do posto atendia a uma determinação superior, mas não apresentou qualquer documento.
“É muito importante essa mobilização da Câmara e temos a expectativa de que o governo reveja essa decisão. Temos um termo de cooperação e até o momento não nos foi apresentado nada que justifique essa atitude intempestiva do chefe do IML”, disse Mariano, que é ex-ouvidor das polícias Civil e Militar. O secretário disse que ainda é uma incógnita sobre como proceder com os casos de mortes suspeitas, pois não há um protocolo definido. “Os exames de corpo de delito e laudos continuam em Diadema, mas as necropsias em São Bernardo. Ainda ontem teve um óbito que foi para lá”, explicou.
O presidente da Câmara também disse que 20 dos 21 vereadores iniciaram uma grande mobilização de suas bases e com os deputados estaduais de seus partidos para tentar reverter a situação. “O município vem atendendo a todas as solicitações do estado quanto às reformas e aí surge uma atitude irresponsável como esta em que constituíram uma disputa política, mas o tiro saiu pela culatra porque os vereadores da situação e da oposição se uniram contra isso”, disse Josa. A Câmara deve levar esse assunto para a discussão na sessão desta quinta-feira (08/04) e um abaixo-assinado está sendo preparado para ser apresentado ao governo do Estado.
Até um boletim de ocorrência com o objetivo de preservação de direitos, foi registrado no 3° Distrito Policial de Diadema pelo secretário Vaguinho e por Josa. “Essa foi uma atitude truculenta da chefia local do IML e o Márcio (deputado estadual Márcio da Farmácia – Podemos) se omitiu”, disse Vaguinho ao comentar que o representante da cidade na Assembleia Legislativa não compareceu às reuniões no local nem na conversa ocorrida na manhã seguinte a retirada dos equipamentos.
Em sua rede social o deputado do Podemos publicou um informe em que relata que por sua interferência junto ao governador João Doria (PSDB) o IML da cidade vai ficar. “Me pareceu estranho tudo isso, todos em uma única frente e ele em um caminho paralelo. Todos os deputados da região, mesmo os opositores ao PT, ficaram com a gente, menos ele”, disse Josa.
Em vídeo, também em sua rede social, o deputado disse que esteve com o governador João Doria no palácio do governo e relatou que houve um “equívoco na divulgação” e que haverá uma reunião com o governo na próxima semana para tratar do assunto. O RD não conseguiu contato Giudício.
No IML de Diadema são realizados, em média, quatro exames de lesão corporal e uma necropsia por dia. A Secretaria de Segurança Pública informou, em nota, inicial que a mudança do serviço para São Bernardo visava “otimizar recursos e agilizar os procedimentos” e que não haveria prejuízos à população. Mais tarde, a secretaria corrigiu a informação falando da reunião, na próxima semana, a fim de discutir alternativas para a continuidade dos serviços em Diadema. A decisão de discutir sobre a manutenção do serviço foi informada pela SSP após a reunião com o deputado Márcio da Farmácia.