A pandemia da covid-19, com início marcado em março de 2020, registrou saldos negativos na indústria do ABC: ociosidade na produção e queda no faturamento em cerca de 70%, conforme aponta o coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista, Sandro Maskio. Em entrevista ao RDtv, o pesquisador explica que a utilização de capacidade instalada das empresas no ano passado caiu da média de 70 pontos para 40.
Segundo o pesquisador, é necessário ter a clareza que a atividade econômica do setor industrial ainda é bastante tímida, tendo em vista que a nível nacional, em abril do ano passado – um mês após o início da pandemia – a ociosidade já estava avançada, a 61%. “A partir de agosto, o nível de utilização da capacidade instalada começou a ser retomado para percentuais próximos ao observado nos meses anteriores à pandemia, mas no auge da contaminação, a capacidade instalada das indústrias foi de apenas 39%”, explica Maskio.
Ao observar a capacidade ociosa e a trajetória da produção, Maskio avalia que o setor industrial conseguiu se adaptar com menos traumas ao ambiente restritivo imposto pelos protocolos de segurança exigidos pelos órgãos de saúde. “Por se tratar de um processo produtivo, que não lida diretamente com o público final e que consegue operar com portas fechadas, percebemos uma melhor adaptação, mesmo com as dificuldades impostas com a pandemia”, diz.
Com relação ao número de empregados, a pesquisa apontou um cenário diferente dos anos anteriores. Após avaliação de diminuição no número de empregados no auge da retração produtiva, a partir de julho o setor começou a apontar elevação no número de empregados, com uma envergadura maior em novembro de 2020, quando o comportamento de melhora se repetiu em outras regiões do País.
Intenção de investimentos
Entre abril e julho do ano passado, o setor industrial apresentou retração na intenção de investimentos no trimestre, se comparado aos meses anteriores, no plano nacional. O que foi motivado pela retração na elevação da capacidade ociosa, reestruturação das estratégias das empresas e maiores restrições financeiras.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2020 houve uma retração de 0,8% na Formação Bruta de Capital Fixo na economia, que ficou em apenas 16,4% do PIB. “Há mais de dez anos se discute a necessidade de ampliar o volume de investimentos na ampliação de capacidade produtiva. Acontece que as divergências entre os analistas estão especialmente sobre as melhores estratégias para aumentar a formação bruta de capital fixo na economia”, explica. Desde o semestre passado, a sondagem industrial apontou leve recuperação na intenção de investimento pelos empreendedores do setor.