Dúvidas internas e espera por juros deixam Ibovespa com viés de queda

O Ibovespa tem uma terça-feira (16/3) de instabilidade, enquanto as bolsas de Nova York tentam firmar-se em alta. Os mercados adotam certa cautela antes das decisões de política monetária ao longo da semana, sobretudo nos Estados Unidos e no Brasil, amanhã, a chamada “super quarta”. Além da expectativa de alguma parcimônia interna por causa dessas questões, investidores também podem olhar com certo cuidado a chegada do novo ministro da Saúde no governo, para saber as novas diretrizes que serão tomadas para conter o avanço da pandemia de covid-19 no Brasil.

Somado a isso, o recuo nos contratos futuros do petróleo no mercado internacional também não deve ajudar o Ibovespa. Em contrapartida, a elevação de 1,83% do minério de ferro no porto chinês de Qingdao, a US$ 166,32 a tonelada, dá alívio ao índice, bem como nas ações ligadas a commodities metálicas. CSN ON, por exemplo, subia 3,82%.

Newsletter RD

“Tem essa cautela com as reuniões de política monetária. Esse Copom será bem importante, pois vemos a inflação acelerando. Nesta terça, o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) de março subiu mais que o esperado 2,99%, ante mediana de 2,84%. Cada vez mais a inflação começa a ser uma preocupação no Brasil. Por isso, será esperado com grande expectativa o documento do Copom após a decisão”, diz Eduardo Cubasuardo Cubas, sócio da Manchester Investimentos.

As expectativas para o Comitê de Política Monetária (Copom) são de retomada do processo de alta da Selic, de 0,50 ponto porcentual, com a taxa indo para 2,50% ao ano. Quanto ao Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), espera-se manutenção do juro, mas revisões nas estimativas de crescimento, depois da injeção de US$ 1,9 trilhão do pacote fiscal aprovado recentemente. “É uma situação um pouco mais previsível e flexível do que no caso do Banco Central brasileiro”, diz.

Da mesma forma que as vendas do varejo norte-americano, que tiveram recuo pior do que o esperado, a produção industrial dos Estados Unidos cedeu 2,2% em fevereiro ante janeiro. O dado contrariou a previsão de alta de 0,3%, ajudando a acentuar a queda dos juros longos nos EUA, e a empurrar o dólar para baixo. As europeias tinham ganhos em torno de 0,50%, apesar das dúvidas sobre a vacina da Astrazeneca, que foi suspensa em vários países europeus, após relatos de trombose em pacientes imunizados.

Contudo, há pouco a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) informou que, no presente, não há indícios de que vacina da AstraZeneca causou complicações. A EMA acredita que os benefícios do imunizante são maiores que os riscos.

No Brasil, “seria bom ultrapassar de forma definitiva os 115 mil pontos e, com isso abrir o objetivo em 118.120 pontos, mas investidores no mundo e aqui reagem com cautela sobre problemas com vacinação, falta de imunizantes e suspensão da AstraZeneca, além das reuniões de BCs esta semana”, diz em análise a clientes o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira.

Às 10h50, o índice cedia 0,30%, aos 114.505,15 pontos.

A despeito da quarta mudança no comando da Saúde, Cubas acredita que essa alteração não terá influência nos negócios. Segundo ele, é sabido que quem comanda a Pasta, no fundo, é o presidente Jair Bolsonaro. “E isso está nos preços, nos modelos do mercado”, diz.

Em sua primeira entrevista após ser indicado como ministro da Saúde, Marcelo Queiroga disse hoje o que o Brasil precisa é de união nacional para vencer o vírus. Contou que sua nomeação depende de atos no DOU e determinações do presidente Jair Bolsonaro. “Fui convidado para dar continuidade a esse trabalho do governo”. Já Bolsonaro disse há pouco que o governo trabalha para estender o auxílio emergencial por alguns meses até o País superar a situação “lamentável”.

Caso sua nomeação seja aprovada, o cardiologista assumirá a pasta no momento em que o País tem pioras no quadro da pandemia de covid-19 e Estados continuam adotando medidas sociais mais restritivas, caso agora de Minas Gerais. Ontem, o Brasil atingiu o 17º dia de recorde consecutivo de média diária de mortes pelo novo coronavírus(1.855).

Apesar da mudança na data de divulgação do balanço da Eletrobras, os papéis sobem em torno de 1%. A dificuldade para atender às recentes instruções da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a respeito do registro de alguns itens nas demonstrações financeiras das transmissoras de energia elétrica foi o principal motivo para o adiamento da apresentação dos dados, informam fontes ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. O balanço seria divulgado na segunda à noite, mas foi postergado para sexta-feira, 19.

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes