A violência contra a mulher ganhou mais destaque na pandemia, devido ao isolamento social que fez aumentar os índices de criminalidade. Dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-SP) revelam que os casos de estupro contra mulheres aumentaram de 157 ocorrências, em janeiro de 2020, para 169 no mesmo período deste ano, variação de 7,6% em toda região metropolitana.
Somente no ano passado, 1,6 mil mulheres entraram para o registro de estupro de vulnerável consumado na demacro região de São Paulo, e segundo a delegada da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de São Caetano, Daniela Del Nero, a divulgação para que mais mulheres prestassem queixa do crime ajudou para o aumento de registros.
“Hoje, por haver uma divulgação mais abrangente e por ser classificado beijo, apalpadas e toques íntimos como estupro, o número de registros aumentou”, justifica. “Mas acredito também que houve um aumento na procura justamente pelas pessoas terem mais ciência que devem denunciar assédios e não ter medo de relatar o crime”, acrescenta.
A região metropolitana registrou, ainda, 33 casos de feminicídio em 2020, enquanto neste ano, há o registro de um caso. A delegada salienta que a DDM online auxiliou para que os números não fossem maiores. “As mulheres conseguem denunciar pela DDM eletrônica hoje em dia, e com isso conseguimos acessar a ação antes de que ocorra o feminicídio, por exemplo. A mulher que já está em um relacionamento abusivo muitas vezes tem medo de denunciar e até pode pleitear um pedido de medida preventiva”, comenta.
Mesmo que a pandemia tenha destacado mais casos de violência contra a mulher, Daniela destaca que o aumento pode não ter sido maior devido as mulheres estarem menos expostas em situações de vulnerabilidade. “Acredito que tenha dado uma diminuída pois entra também manter relação com alguém sobre efeito de álcool, de drogas, que com a pandemia, de certa forma não houve ou era para se ter muitas festas do tipo”, explica.
Sobre o Dia Internacional da Mulher (8 de março), a delegada acredita que os avanços das mulheres precisam ser comemorados. “As mulheres conseguiram ocupar muitos espaços, mas a mudança ainda é muito lenta, falta muito para o ideal, são tratadas como objeto, diminuídas, mesmo estando nos mesmos cargos. Ainda assim, acho que estamos caminhando para o sentido certo, e vamos cada vez mais melhorar”, completa.