Bancos digitais ganham espaço no mercado durante pandemia

Anseio e exigência por mais tecnologia e praticidade fez com que busca por bancos digitais aumentasse (Foto: Banco de Imagens)

Os bancos digitais ganharam mais espaço no Brasil, em meio a pandemia do novo coronavírus (covid-19) e as medidas de isolamento social. É o que diz o mestre em Economia e especialista da Fundação Procon- SP, Vinicius Oliveira Silva, responsável pela pesquisa da 16ª carta de conjuntura da USCS (Universidade Municipal de São Caetano). Segundo o professor, alguns destes bancos, sem agências e sem tarifas, conseguiram dobrar a carteira de clientes durante a pandemia e conquistaram mais presença no setor que os bancos tradicionais.

De acordo com o estudo, com a entrada das Fintechs (instituições financeiras) no sistema financeiro nacional, o anseio e exigência por mais tecnologia, praticidade, dinamismo e inovação por parte dos clientes aumentou e fez com que os bancos tradicionais precisassem se adaptar para acompanhar esse novo cenário. “O que não aconteceu, porque muitos dos bancos tradicionais não conseguiram acompanhar a tecnologia, e acabaram ficando para trás, perdendo para a concorrência, o banco digital”, explica.

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A geração da década atual sugere um atendimento mais moderno, antenado e desburocratizado, com velocidade nos processos, com soluções em apenas alguns cliques, sem a necessidade de sair de casa. “É nisso que os bancos digitais ganham os clientes, na resolução de problemas de onde o cliente estiver, com praticidade. Eles (bancos digitais) vem para suprir uma lacuna que o banco tradicional não estava interessado, em um momento da pandemia ao qual as pessoas não querem correr o risco de sair de casa”, enfatiza.

Apesar de a quantidade de clientes dos bancos tradicionais ser bem maior do que a dos bancos digitais, esses últimos têm uma taxa de crescimento bem mais elevada. De acordo com a pesquisa, em 2018, o Banco Inter deu um salto em seu crescimento de 282% passando de 379.200 em 2017 clientes para 1.450.000 em 2018, com uma média de 89.250 novos clientes para cada mês de 2018. Outro destaque no período foi para o banco digital Nubank, que apontou 100% de alta, passando de 3.000.000 para 6.000.000, tendo a média mais alta de todos os bancos, com 250.000 novos clientes ao mês.

Enquanto isso, os tradicionais bancos Bradesco e Itaú, contabilizaram um crescimento de apenas 1% e 4% respectivamente, apesar de o Bradesco ter uma taxa tão baixa, ele aumentou sua carteira em 1.030.401 novos clientes, com geração média mensal de 85.867, dessa forma alcançou o banco Inter (digital) em crescimento mensal. “O crescimento não deixa de despontar, porque ainda temos um público fiel dos bancos tradicionais, mas a tendência é que cada vez mais, o público mais jovem migre para o digital, devido as facilidades e taxas menores”, explica o professor.

Em 2019, último ano de pesquisa, o Nubank apresentou crescimento de 228% enquanto o Banco Inter obteve em 2018 um crescimento expressivo em torno de 86%. Com 13.700.000 novos clientes, o Nubank teve média de 1.141.667 novos clientes/mês, o que significa que por dia a clientela crescia em torno de 38.055, maior crescimento dos últimos três anos da empresa. No período, o banco Inter cresceu com 1.250.000 clientes, média de 104.167 clientes/mês, mantendo a expansão.

Já os bancos tradicionais, na comparação com 2018, o Bradesco apresentou alta de 3% enquanto o Itaú aumentou em 6%. O Bradesco quase alcançou a margem de 100 milhões de clientes, com crescimento de 2.510.687 em 2019, gerando uma média de 209.224 novos clientes por mês, mais do que o dobro do ano anterior. Enquanto o Itaú alcançou um média de 369.281 novos correntistas mensais, melhorando seu desempenho em comparação com 2018.

Desde que as Fintechs começaram a lançar seus serviços, o professor aponta que os bancos tradicionais vivem um período turbulento. “As instituições financeiras proporcionam serviços inovadores no mercado. Se não houver nada inovador, que na prática seja interessante para o cliente, será difícil uma recuperação dos bancos tradicionais”, diz. Apesar disso, Silva garante que os bancos tradicionais passam por constantes reestruturações e que, ainda que não ofereçam as melhores condições, estão longe de quebrarem ou extinguirem.

“Quebrar não vão, mas precisam se inovar, senão vão perder espaço para as novas instituições financeiras digitais, porque elas vem forte, e vem para ganhar cada vez mais espaço no mercado”, garante.

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