O retorno das aulas presenciais em São Caetano durante o avanço da pandemia da covid-19 no Estado tem gerado polêmica entre os profissionais da rede pública. A informação é de que com a entrada da etapa 3 do plano de retomada a exposição de alunos e funcionários será ainda maior por conta do avanço dos casos e falta de organização e protocolos sanitários.
De acordo com o documento da Prefeitura, a etapa está marcada para o dia 8 de março, com a divisão dos alunos em três grupos, com 33,33% de capacidade cada. “Todos os funcionários devem trabalhar todos os dias, exceto quem conseguiu trabalho remoto. Mas tem professor sendo obrigado a juntar turma e inspetor a ficar na sala para que o professor faça uma aula remotamente”, explica Mariana Bonotto, professora da rede.
Outra reclamação da professora é em relação aos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), que foi entregue aos funcionários, o que levou a muitos terem que comprar máscaras N-95 e Face Shield. “As máscaras vêm em uma caixa única onde todos colocam as mãos. Tentamos falar com a Secretaria de Educação, mas não nos recebem. Enviamos cartas protesto e recebemos uma resposta pronta”, salienta.
Ainda de acordo com Mariana, a EME Profª Alcina Dantas Feijão está em reforma, com alunos, funcionários e prestadores de serviço das obras na unidade, e diversas escolas não contam são arejadas ou tem ventilação, como a EMEF Professor Olyntho Voltarelli Filho. “Infelizmente muitos profissionais não se expõem por medo de assédio moral”, completa.
Contaminada pela covid-19 na retomada das aulas, uma professora, que preferiu não se identificar, relata que a situação tem sido difícil nas escolas. “Estamos com um número menor de funcionários da limpeza e por a escola ser grande não estão dando conta e não fazem a desinfecção dos locais”, comenta a profissional.
Segundo a professora, os sintomas da doença apareceram na madrugada do dia 10 de novembro e, apesar de não ter contato com crianças, os funcionários que estiveram próximos não foram afastados. “O sistema de protocolos é falho, ontem uma criança subiu para a sala com a máscara molhada de coriza e com sintomas da covid, mas sem febre. Apesar de ela não ir para a escola mais, como ficam as pessoas que ela teve contato, ninguém vê esse outro lado”, explica.
Apesar de ter sido contaminada durante o retorno na escola, a professora informou ainda que a Prefeitura não preencheu o CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho). “Relataram que eu posso ter me contaminado em qualquer lugar. Mas estava 11 meses em casa, fui a mercado e farmácia e nunca tive nada. Além disso, muitas pessoas tem sequelas da doença, tive princípio de trombose”, completa.
Procurada, a Prefeitura de São Caetano informa que irá seguir o Plano São Paulo, que prevê a manutenção das aulas presenciais na fase vermelha, em modelo híbrido (juntamente com aulas online), presença opcional e capacidade máxima de 35% de alunos em sala de aula. Em nota, diz que os alunos que optarem pelo ensino remoto e tiverem alguma dificuldade em acessar conteúdos digitais, também podem contar com material impresso.
Casos suspeitos e confirmados de Covid-19 estão sendo monitorados atentamente e publicados diariamente no Portal da Educação. “Para preenchimento da Comunicação de Acidente de Trabalho, seria necessária a comprovação de que o vírus tenha sido contraído acidentalmente no exercício do trabalho”, diz a administração em nota.
Alunos com comorbidades podem continuar com aulas remotas. Profissionais em gestação ou que apresentem doenças relacionadas à maior risco de casos graves da doença, podem apresentar atestado e exercer atividades em home office.