A partir desta sexta-feira (26/2) o Estado de São Paulo inicia um processo de redução de circulação de pessoas no horário noturno. A medida tomada para reduzir o número de casos de coronavírus é questionada por especialista. Ao RDtv nesta quinta-feira (25), o microbiologista do Instituto Questão de Ciência e PHD na área de genética de bactérias pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Luiz Gustavo de Almeida, relata que tal situação apenas vai dar algum fôlego para os hospitais, mas não vai resolver de fato a nova onda de infectados pelo novo coronavírus.
“Estamos vendo um monte de decisões que estão sendo tomadas, mas sem uma liderança, sem pensar direito nas consequências que isso vai gerar, no que pode gerar. O lockdown, ou uma restrição ou o qualquer nome que queiram dar, a partir das 23h até às 5h vai restringir a circulação de quais pessoas? Já é baixo o momento e essas medidas que só estão sendo tomadas agora só são feitas, pois não temos uma liderança que possa falar o que a população tem que fazer e que fiscalize se aquilo realmente tem ser fiscalizado”, opinou.
Outro ponto de crítica de Luiz Gustavo é a diferença das ações nos mais diversos municípios. Enquanto a maioria do Estado apenas vai restringir a circulação, parte do ABC vai fazer um toque de recolher (ou lockdown noturno como é chamado pelas prefeituras) e a cidade de Araraquara emplacou nos últimos dias um lockdown de fato, ou seja, com a proibição de circulação e do funcionamento do comércio (com exceção do essencial).
O especialista aponta que a alta do número de casos nas últimas semanas é resultado das aglomerações realizadas no final do ano passado com as festas de natal e ano novo. E que novos problemas podem ser sentidos nas próximas semanas devido ao acúmulo de pessoas nas viagens do carnaval.
“Cidades do interior estavam com um número de casos muito baixo. As pessoas passaram a frequentar as praias e contraíram o vírus, e quando voltaram acabaram infectando outras pessoas. Isso não é uma novidade, no verão europeu as pessoas viajaram para Ibiza (Espanha) e quando voltaram o número de casos voltou a crescer”, explicou Almeida que relatou que o cenário é igual inclusive no perfil mais jovem dos infectados.
A principal solução para o momento é melhorar o nível de pessoas vacinadas. “A campanha da gripe já mostrou que conseguimos vacinar 1 milhão de pessoas por dia, e temos que fazer isso para conseguir vacinar todos até o final do ano”, concluiu.