A FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) criou o Ambulatório de Pós-Covid, que reúne as disciplinas de pneumologia e infectologia para estudar as sequelas da covid-19 em pacientes da região. O trabalho desse grupo de profissionais reúne os prontuários de centenas de pacientes desde o início da pandemia. O médico Elie Fiss, professor titular de Pneumologia da Faculdade de Medicina do ABC, participou do RDTv desta quarta-feira (17/02) e falou sobre as sequelas mais comuns em pacientes avaliados em praticamente um ano de pandemia.
“A covid é uma doença peculiar e existe um conjunto de sintomas que podem aparecer, tem os típicos de infecção respiratória, associados à febre, a sintomas de coceira com prurido com aquelas lesões avermelhadas típicas de alergia. Tem também os sintomas digestivos, sintomas neurológicos como a dor de cabeça, mesmo a perda de olfato e paladar são sintomas de neuropatia. Um queixa, muito frequente e importante, é a dor muscular intensa que realmente chama atenção, isso leva a um cansaço e aí vem a dispneia e diminuição da oxigenação. Esses quadros dão uma avaliação do que vai acontecer mais adiante”, disse o médico.
Para o especialista, depois de passada a ‘tempestade de infecções”, causada pela doença, os médicos trabalham para analisar os efeitos e como tratar os sintomas que demoram mais para desaparecer, por isso surgiu o Ambulatório Pós-Covid da FMABC. As sequelas variam de pessoa para pessoa, quando acaba a fase aguda e fica a parte crônica. “Com covid não dou média e não dou prazos. Pacientes com perda muscular muito importante, que perdem peso até 10 quilos, recuperaram a função com fisioterapia, pacientes com pequenas sequelas pulmonares também recuperaram a função. Em pacientes com perda de olfato e paladar, o mais demorado foi de 2 meses e meio, para recuperação. Estamos tabulando há quase um ano todos os pacientes que tiveram alta do hospital Mário Covas, existe um grupo de profissionais fazendo essa coleta de dados”, explicou.
Os estudos no entanto ainda não estão concluídos. “Talves daqui a alguns meses eu possa dar números exatos. É relativamente comum, mas não normal, o paciente ficar dois ou três meses com sintomas, como a falta de ar. Nestes casos já deveria ter procurado um médico ou fisioterapeuta. É preciso verificar se o tecido pulmonar foi lesionado, se houve fibrose pulmonar ou hipertensão pulmonar. Tem que estar sob acompanhamento. Mas tivemos pacientes com inflamação do fígado, uma hepatite do covid. Se tiver sintomas que persistem tem que fazer acompanhamento médico”, conclui o especialista.