Professores que participaram do processo seletivo para dar aulas na escola profissionalizante Florestan Fernandes, uma fundação da Prefeitura de Diadema, reclamam do procedimento e preparam documento para apresentar à Justiça. Como o contrato é renovado a cada seis meses, cerca de 20 profissionais que já atuavam nos cursos profissionalizantes, não foram selecionados, alguns pela primeira vez em 10 anos.
Um abaixo-assinado, em favor dos professores da fundação, foi colocado na internet e uma representação deve ser apresentada ao Ministério Público. A professora Patrícia Samara disse ter ficado indignada pela forma como o processo foi conduzido. “Depois ainda mandaram carta explicando que os professores foram escolhidos pela sua competência. Será que eles quiseram dizer que quem trabalhou na fundação por mais de 10 anos não tem competência? Houve troca de governo nesse período e os professores sempre ficaram justamente pela sua competência”, desabafa a professora.
Patrícia explica que os professores entraram em férias em dezembro, e em janeiro teve um primeiro chamamento para apresentação de currículo e vídeo de apresentação, depois seriam chamados para uma terceira entrevista. “Ocorre que lançaram outro edital em cima, por isso estamos indignados e já preparamos uma representação para levar ao MP”, adiantou. Segundo a professora cerca de 20 profissionais com experiência não foram selecionados.
Na fundação são ministrados cursos as áreas de Administração, Beleza, Gastronomia, Juventude, Terapias Naturais, Automotiva, Eventos e Festas, Informática, Serviços para a área de Saúde, Serviços para a área Técnica e Construção Civil. A seleção e a contratação dos profissionais da fundação é feita pela Cidap, uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) contratada pela prefeitura.
O RD solicitou entrevista com o diretor presidente da Fundação Florestan Fernandes, Manoel Eduardo Marinho, o Maninho, mas a prefeitura justificou a impossibilidade por conta de problemas de agenda. Em nota, a administração garante que o processo foi transparente. “Com o objetivo de contratar professores para os cursos de 2021, a Fundação Florestan Fernandes realizou novo processo seletivo neste início de ano, o qual se fez necessário porque os contratos dos professores, com duração de um ano, foram encerrados automaticamente em dezembro de 2020. A seleção, contratação e pagamento dos instrutores fica a cargo da empresa vencedora de licitação pública para desenvolver e ministrar os cursos na entidade. Para a realização da seleção, foi feito Processo Seletivo”, diz a nota.
A administração detalhou o formato da seletiva. “Foram recebidas 164 inscrições, para as quais era exigido envio de currículo. Delas, 30 foram anuladas (seja porque eram duplicadas, seja porque não continham currículo) e 34 por não atenderem aos requisitos estabelecidos (falta de áudio no vídeo ou gravação realizada em ambiente inadequado, por exemplo). Para a terceira e última etapa, 69 candidatos foram aprovados, dos quais 62 compareceram. Nela, os candidatos participaram de dinâmicas e entrevistas e se apresentaram em situação semelhante a uma aula, ocasião em que foram avaliados por duas coordenadoras e por uma psicóloga da instituição. Além disso, escreveram uma redação a respeito do tema: ‘Desafios para a formação educacional de pessoas vulneráveis socialmente’. Ao fim, com base em critérios em que se avaliaram as competências e habilidades dos candidatos, foram selecionados 30 instrutores, dos quais 8 já ministravam aulas na Fundação Florestan Fernandes e 6 ex-alunos. Foi enviado feedback a todos os candidatos, aos quais a Fundação Florestan Fernandes agradece a participação, reafirmando seu compromisso com a transparência e lisura de seu processo seletivo”, relata a prefeitura.