Quase três anos depois Rio Grande da Serra avalia novamente deixar o Consórcio Intermunicipal Grande ABC. A alternativa foi revelada pelo prefeito Claudinho da Geladeira (Podemos) ao RD nesta sexta-feira (29/01). O chefe do Executivo alega que a cidade vive um “colapso financeiro” e agora busca o corte de alguns gastos para conseguir verba para os investimentos básicos. Claudinho também busca apoio dos demais prefeitos da região para angariar recursos com os governos Estadual e Federal.
Claudinho da Geladeira conversou por telefone com alguns prefeitos sobre esse assunto. A ideia é ainda realizar uma nova avaliação com as demais cidades para confirmar ou não a saída. “Infelizmente eu tenho que dizer isso, Rio Grande é um bairro do ABC, temos um bom tempo de emancipação, mas temos problemas. Não temos um centro organizado, temos apenas um posto de gasolina, 80% dos carros abastecem na cidade vizinha (Ribeirão Pires). A arrecadação está caindo e precisamos garantir as coisas para o povo como a saúde em um momento tão difícil como este que estamos vivendo”, explicou.
A dívida consolidada deixada pela gestão de Gabriel Maranhão (Cidadania) ainda é analisada, porém, o atual chefe do Executivo relatou algumas dívidas nas quais não consegue compreender como os R$ 3 milhões em multas ambientais em relação ao cemitério municipal. E a preocupação com os R$ 4 milhões de precatórios que a cidade tem que pagar. “A qualquer momento pode vir alguém e sequestrar esse valor da cidade. Agora, imagine ter R$ 4 milhões a menos de investimentos na cidade?”, questiona.
“Temos que lembrar que caso a cidade de Rio Grande da Serra tenha problemas, as pessoas vão procurar as demais cidades, ou seja, vamos atrapalhar as demais cidades. Por isso que conversei com o Paulinho (Paulo Serra, PSDB, prefeito de Santo André e presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC) para que possamos nos unir para ajudar Rio Grande. Por exemplo, a nossa cidade é a que proporcionalmente mais abastece o estado com água, aterraram a represa e não teve contrapartida, ninguém falou nada. Vivemos basicamente de emenda parlamentar. Precisamos melhorar esse debate, essa interlocução na região para ajudar Rio Grande da Serra e todas as cidades em conjunto”, seguiu.
O prefeito também relatou que as questões financeiras colaboraram para que o município decretasse o não retorno das aulas presenciais. “Como vamos voltar? Atendemos crianças de 0 a 4 anos, não teria como voltar em uma situação dessas”, concluiu. A cidade manterá as atividades em casa.
Replay
Caso a ideia de deixar o Consórcio ABC seja confirmada, esse seria o segundo movimento do tipo em menos de três anos. No segundo semestre de 2018 a saída da entidade regional foi aprovada pelo Legislativo, porém, a cidade mudou de ideia em abril de 2019. Inclusive o então prefeito Gabriel Maranhão chegou a assumir a presidência do colegiado em 2020.
Atualmente Rio Grande da Serra tem que repassar mensalmente para o Consórcio Intermunicipal cerca de R$ 6 mil.