Ao celebrar o Natal em tempos de pandemia, o bispo da Diocese de Santo André, Dom Pedro Carlos Cipollini, descreveu um dos grandes objetivos de comemorar o nascimento de Jesus, ao sinalizar que todos somos iguais, sem vaidade e egoísmo, durante a Santa Missa da Noite de Natal realizada nesta quinta (24/12), na Catedral Nossa Senhora do Carmo, no Centro da cidade andreense. O pároco anfitrião padre Joel Nery e o secretário episcopal padre Camilo Gonçalves de Lima também participaram da celebração, bem como fiéis que compareceram à igreja, que segue as normas de distanciamento social, utilização de máscaras e álcool gel e limite de 30% da capacidade do templo religioso.
“Necessitamos de acolhida, de perdão, mas Jesus que era e é o Todo Poderoso, por solidariedade a nós, se fez assim: pobre, humilde, desamparado e necessitando de cuidados. Esse é o Natal da fé. O Natal que nos coloca diante de Deus e de nós mesmos, para receber em Jesus Cristo, todo bem e toda graça”, aponta Dom Pedro.
Na manhã desta sexta-feira (25/12),o bispo diocesano celebrou a Missa de Natal na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, na Vila Luzita (Região Santo André – Leste) e deu posse ao padre Cícero Soares da Silva Neto como pároco daquela igreja.
Logo no início da celebração, o pastor da Igreja Católica no ABC venerou a Imagem do Menino Jesus, uma vez que em razão da pandemia da Covid-19, a procissão até o presépio não ocorreu nesta missa.
“Estamos reunidos nesta noite santa para celebrar o nascimento de Jesus. Claro, que as celebrações eram diferentes antes dessa pandemia. Aquela alegria, aquele encontro, tudo aquilo que nos emocionava tanto no sentido de colocar nossos corações agradecidos diante de Deus. Estamos fazendo a mesma coisa, de forma diferente, porque não podemos deixar de nos reunir mesmo obedecendo todas essas normas, inclusive o distanciamento”, constata Dom Pedro, ao reforçar que a Igreja sinaliza essa comunhão entre os irmãos, mesmo num ano atípico.
“Jesus disse: “Onde dois ou mais estão reunidos, Eu estou no meio deles”. Reunir-se para a igreja é essencial. Assim como para uma família, também. Mesmo de forma diferente como o fazemos, agora, e em quantidade tão menor. Mas nós aqui sinalizamos este ser da própria Igreja, que é comunhão”, frisa.
Luz x trevas
“O que Jesus veio fazer? Jesus veio justamente revelar quem é Deus. O povo que estava nas trevas viu uma grande luz. Um mundo que busca Deus e não é capaz de chegar até Ele viu a luz porque Ele veio até nós. O homem, com a sua inteligência, Ele pode entrar dentro da religião, do espírito religioso, mas se Deus mesmo, não vem revelar a nós, quem Ele é, não conseguimos descobrir só com a nossa inteligência”, explica Dom Pedro, durante a homilia da missa da véspera de Natal.
Segundo o bispo a paixão e morte de Cristo já está prefigurada na madeira daquela manjedoura, onde Ele foi depositado. “O anjo anuncia uma grande alegria, envoltos em luz, aos pastores o prenúncio da ressurreição. Jesus revela-nos quem é Deus. Esse Pai de amor que quer que todos se salvem. Mas Jesus revela também quem somos nós, destinados a tão alto destino. Essa é a nossa vocação”, indica.
Confira a mensagem de Dom Pedro sobre o presépio, na íntegra:
“Olhando o burro, peçamos forças para carregar as preocupações, as inquietações dos nossos amigos e todas aquelas preocupações pesando sobre nossos ombros.
Diante do boi, peçamos que sejamos aquecidos com seu hálito, com seu calor e nos console neste inverno das separações, criadas pelo confinamento e pela indiferença de muitos. Olhando as ovelhas, peçamos orientação a Deus para não seguirmos estupidamente o rebanho, que sejamos ovelhas desconfiadas dos falsos pastores, impostores egoístas e falsas notícias. Que sejamos fiéis ao Bom Pastor, capaz de guiar-nos para a vida plena.
Peçamos aos pastores: ensine-me a ler à noite a mensagem das estrelas, capaz de indicar-me como permanecer no rumo da Esperança, e seguir o caminho da verdadeira Alegria, da única Alegria que é Deus vindo até nós. Peçamos a José: impeça minha raiva quando as coisas não saírem do meu jeito e, ao invés disso, ajude-me a manter o silêncio, com paciência e na paz. E ajude-me a perseverar em meu trabalho.
Peçamos a Maria, a mão do Menino Jesus, a coragem e a sabedoria de perceber a diversidade quando julgo os outros e os eventos. Ela, sempre desafiada a compreender as ações do Filho, pode instruir-me – com sua sabedoria e santidade – a considerar as coisas sem perder de vista o essencial, e a ter confiança.
E olhando a manjedoura ainda vazia, porque nós estamos recebendo o Senhor, pedir que ela nos recolha como somos, pobres, limitados, nus, desamparados, necessitados dos cuidados dos outros, diante do cosmo, do mistério que nos envolve, principalmente o mistério da encarnação do verbo que nós queremos celebrar.”