Diante do anúncio nesta terça-feira (22/12) pelo governador João Doria (PSDB) de que nos dias 25, 26 e 27 de dezembro e 1°, 2 e 3 de janeiro apenas serviços essenciais como supermercados, padarias e farmácias, poderão funcionar, o Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC) sustentou que faltou sensibilidade do governo com um setor que só nas sete cidades emprega 78 mil pessoas. Em entrevista ao RDTv, a advogada da entidade, Denize Tonelotto, chamou de “burrice” a atitude do governador.
Segundo o Sehal o setor é composto por 12 mil empresas no ABC, principalmente bares e restaurantes que somam cerca de 8 mil empreendimentos, em seguida vêm os buffets que são cerca de 2 mil. A estimativa da entidade é que até fevereiro cerca de 30% dos 78 mil trabalhadores, aproximadamente 23 mil pessoas, devam perder os empregos por conta da crise no setor. “É burrice fechar quem está dentro da legalidade e quem não está contribuindo para o avanço da pandemia”, criticou Denize.
“Estamos atônitos com a notícia, os empresários vêm enfrentando dificuldades homéricas desde o início da pandemia, lutando de todas as maneiras para sobreviver, a expressão é essa mesmo, sobreviver, porque foi um ano muito difícil, por mais que tenha conseguido utilizar auxílios do governo, isso foi insuficiente porque não tivemos cliente, porque tivemos um largo período fechado, depois uma retomada muito lenta, muito difícil. O próprio cliente saindo de forma mais restritiva e até agora tem sido assim”, lamenta a representante do Sehal.
Segundo a advogada já o faturamento no setor caiu pela metade por conta da restrição de circulação de pessoas e pela restrição de venda de bebidas alcoólicas que vale desde o dia 12 de dezembro, sendo que esses produtos só podem ser comercializados até as 20hs. “Houve aí uma queda de pelo menos 50% em um faturamento que já não era grande coisa, porque a gente já vinha de uma crise e agora no final do ano já estávamos preparados para, pelo menos, recuperar um pouquinho desse prejuízo com as festas de Natal e de Ano Novo, não me refiro a aglomeração, mas aos restaurantes preparados para atender com tudo organizado”, argumenta Denize.
A advogada diz que o governo está jogando nos restaurantes e bares a culpa pelo aumento de casos da covid-19. “Inclusive o questionamento que se faz é esse, a insensibilidade do governo de, às vésperas das festas natalinas, decretar que não vão funcionar. Os empresários já compraram os insumos com muita dificuldade. Tudo está sendo pago com dificuldade então faltou sensibilidade do governo para compreender que esse momento é para deixar funcionar quem está legalmente trabalhando e cumprindo os protocolos. A impressão que eu tenho é que o governo elegeu os restaurantes como se fossem os culpados da pandemia, ignorando a importância que esse segmento tem para a sociedade, e que emprega muita gente”.
O Sehal irá até o Judiciário para tentar reverter a situação, mas a advogada da entidade não tem muita esperança pois a justiça tem negado todos os pedidos de liminar. Já são nove os pedidos, mas não houve retorno positivo em nenhum deles. “Esse anúncio para nós representa uma bomba que não sabemos como resolver, porque o Judiciário entrou em recesso e também já não vinha correspondendo as nossas demandas, pois ingressamos com várias ações, desde o início porque estão punindo de maneira desproporcional quem tem plena autorização para cumprir os protocolos. Colocaram num mesmo balaio todas as categorias. Em uma das ações pedimos para estender o horário de funcionamento até a 1h da manhã para as ceias de Natal e Ano Novo e sequer tivemos resposta. As prefeituras não são obrigadas a seguir, mas em geral tem seguido. Coloca fiscalização nas ruas para coibir onde há superlotação, os bailes ilegais, mas para o governo é mais fácil atirar e matar todos, porque assim acha que vai resolver o problema da contaminação, vejo isso como uma insensibilidade muito grande”, finaliza a advogada.