Para evitar desigualdade, estaduais têm prova presencial

As principais universidades estaduais – USP, Unesp e Unicamp – mantiveram os vestibulares presenciais. A justificativa é oferecer oportunidades iguais aos candidatos. Existe preocupação com o desequilíbrio no acesso das populações carentes às ferramentas necessárias para uma prova online.

“A alternativa seria um exame digital. O primeiro desafio é de ordem técnica: como desenvolver um sistema seguro e sem risco de fraude. O segundo e mais importante: o exame online seria desigual quanto à operacionalização da prova. Haveria imensos prejuízos aos estudantes de escola pública”, explica o professor José Alves de Freitas Neto, diretor do vestibular da Unicamp.

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A Fuvest corrobora essa posição. “O vestibular conta com cerca de 130 mil candidatos. Para poder oferecer oportunidades iguais a todos em termos de infraestrutura, optou-se pelo formato presencial.”

Para garantir o distanciamento, as universidades aumentaram os locais de prova. No ano passado, a Fuvest usou 88 endereços na primeira fase; neste ano, serão 148. A ocupação máxima das salas será de 40%.

A Unicamp mais do que dobrou o número de locais, que passou de 1.502 para 3.381. Nesses endereços, a ocupação será de 30% da capacidade. Já a Unesp decidiu dividir a prova em dois dias.

Mesmo com essas medidas, os alunos temem aglomerações na entrada e na saída. Isabella Marangon, de 18 anos, aluna do cursinho Poliedro, se lembra dos vestibulares presenciais recentes para Medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa e para o Hospital Albert Einstein.

“Na entrada, não havia fiscalização e o pessoal ficava junto”, conta Isabella.

Candidato de Administração, Kauê Ferreira Ostolin também tem receio de contaminação. “Dificilmente, as pessoas vão perder a chance de fazer a prova depois de um ano de estudo. Elas vão fazer a prova de qualquer jeito.”

Essa é a mesma visão do professor Leandro Tessler, do Instituto de Física da Unicamp e ex-coordenador do vestibular. “Tive contato com candidatos que vinham fazer as provas mesmo doentes. Temo que candidatos, mesmo sabendo estar contaminados, compareçam às provas.”

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