Desde o início da pandemia da Covid-19, em meados de março, uma parcela de pacientes diz precisar arrecadar dinheiro do próprio bolso e/ou fazer ‘vaquinhas online’ para dar continuidade a tratamentos médicos oferecidos em unidades de saúde da região. Isso porque, segundo eles, o serviço de transporte oferecidos pelas prefeituras foi interrompido na região em que eles residem e/ou o caminho se tornou ainda mais longo e perigoso, uma vez que novos pacientes entraram na rota do serviço de transporte municipal.
Moradora da Vila São Pedro, em Santo André, Cristiane Silva, de 11 anos, tem enfrentado desafios, junto a família, para realizar o tratamento da leucemia – tipo de câncer que afeta a formação das células sanguíneas – diagnosticada em agosto deste ano. Apesar das várias tentativas, a jovem diz não conseguir o serviço de transporte gratuito para o hospital, e fez um apelo nas redes sociais para arrecadar dinheiro, que será destinado a ida e volta até o Hospital Estadual Mário Covas, onde é atendida atualmente.
Com a mãe desempregada e o pai com salário reduzido, a família passa por dificuldades financeiras para arcar com os gastos de deslocamento até o local do tratamento, além de sustentar mais três irmãos. “Vamos ao hospital de três a quatro vezes por semana. Gastamos muito com transporte e alimentação, em média R$ 50 por trecho”, explica a mãe, Nivonia Graciete Silva, de 47 anos.
Segundo eles, a ‘vaquinha’ foi feita depois que a administração municipal suspendeu o serviço, sem aviso prévio, na data agendada para as consultas. “É um vai e volta danado para tratamento com quimioterapia. Não conseguimos manter esses gastos sem ajuda, ainda mais da Prefeitura que não oferece nenhum suporte para que ela venha até o Hospital pelo menos uma vez por semana”, enfatiza.
Problemas no transporte
No mesmo quarto de Cristiane está internada a pequena Alessandra, de 11 anos. A jovem está em tratamento de um câncer na coluna vertebral, que resultou na paralisia de suas pernas. Por conta das dificuldades financeiras de sua família, ela também criou uma ‘vaquinha online’ para conseguir dar continuidade no tratamento médico, mas a mãe, Karina Araújo dos Santos, pede atenção do poder público.
“A maior dificuldade da minha filha é a locomoção. Ela não consegue ficar muito tempo sentada e precisa de vários equipamentos, inclusive uma cama com colchão casca de ovo, e não temos dinheiro pra isso. Só que todo dinheiro que arrecadamos, vai para o transporte da minha filha até o hospital”, desabafa.
Segundo a mãe, o trajeto atualmente feito com o serviço municipal, dá muitas voltas, o que dificulta o tratamento de sua filha. “Ela não consegue ficar tanto tempo dentro de um carro assim. Precisava de um serviço mais especializado que a levasse mais rápido para o hospital, mas isso não acontece, sobra para que a gente acabe gastando com o pagamento do transporte até o hospital para os dias de tratamento”, explica.
Outro lado
Em nota, a Prefeitura de Santo André informa que possui o serviço de transporte sanitário, com 5.935 pacientes inscritos. O município possui vans comuns para transportar pacientes que deambulam e vans cadeirante para transportar pacientes com mobilidade reduzida ou com necessidades especiais. Os pacientes são transportados mediante cadastro prévio, disponibilidade de vaga, horário e rota para toda rede do SUS.
Além disso, o município possui transporte inter hospitalar (com 12 ambulâncias comuns). Ambulância comum Porte B para transportar pacientes com mobilidade nula ou com dependência de oxigênio proveniente do domicílio e internados na rede hospitalar ou Unidades de Pronto Atendimento.
Para utilizar do serviço, um familiar deve fazer o cadastrado na rua José Fernando de Medina Braga, 500, Jd Las Vegas, de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h30. Os documentos necessários são RG, CPF, cartão do SUS, comprovante do endereço no nome do paciente, relatório médico com número do CID, tipo de veículo de interesse (van, van cadeirante ou ambulância) para consulta e exames.
Caso o munícipe solicite vaga fixa (para procedimentos como hemodiálise, equoterapia, hidroterapia e fisioterapia) é necessário levar um relatório da instituição em que conste os dias da semana, horário que começa e termina o procedimento e o tipo de veículo. O documento deve ser datado e assinado pelo profissional solicitante.
Cabe lembrar que os relatórios médicos têm a validade de três meses para pacientes acamados e sedia meses para pacientes que deambulem ou sejam cadeirantes. Para pacientes que têm convênio, mas não têm direito à transporte pelo convênio, além dos documentos já mencionados, é necessário levar o documento com a negativa do convênio em cópia autenticada pelo cartório.
A Prefeitura de São Bernardo, por meio da secretaria de Saúde, informa que oferta o serviço de transporte inter-hospitalar. O requerimento deve ser feito na Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência.
Contribuição
Para ajudar Cristiane e/ou Alessandra, os links estão disponíveis: Cristiane: https://vaka.me/1594587. Alessandra: www.vakinha.com.br/vaquinha/alessandra-alessandra-araujo