Circulou nas últimas semanas, via redes sociais, a informação de que o Ministério da Saúde teria estocado 6,8 milhões de testes RT-PCR – considerado o exame mais eficaz para diagnosticar a covid-19 – com prazo de validade entre dezembro deste ano e janeiro de 2021, o que assustou a população. De acordo com as prefeituras, o ABC está fora do risco iminente, uma vez que a rede pública de saúde demanda as testagens de laboratórios parceiros e não usufrui de material do Ministério da Saúde.
São Caetano não estoca exames de RT-PCR. Paga laboratório especializado da Fundação do ABC por teste realizado. Desde o início da pandemia, em março, foram feitas mais de 16 mil testagens. Para se fazer o exame, o paciente precisa apresentar sintomas e acionar o Programa de Testagem Domiciliar (Disque Coronavírus), pelo site coronasaocaetano.sp.gov.br ou 0800 774 4002. Assim a equipe da Secretaria de Saúde leva o kit para o morador fazer a coleta em casa.
São Bernardo também não trabalha com estoque de PCR, mas conta com a testagem por demanda, conforme solicitação das unidades de saúde. Desde o início da pandemia, foram realizados 48.808 testes de PCR. Quem precisa fazer exames para detecção da doença, pode buscar uma das 34 unidades de saúde e/ou unidades de atendimento de urgência e emergência. Diadema já testou pelo menos 22,8 mil pacientes via RT-PCR, e para se fazer o exame no município, é necessário avaliação e prerrogativa médica. Na cidade também não há estoque da testagem.
Mauá já testou 6.722 moradores via RT-PCR, com testagens que têm materiais com prazos de validade para agosto de 2021 e março de 2025. Para evitar desperdício, a Prefeitura segue protocolos de armazenamento instituídos pela Secretaria de Saúde. Para se fazer o teste no município, é necessário procurar o atendimento médico para verificar se está dentro do período de coleta e se dirigir às UPAs (unidades de pronto atendimento). Não é preciso agendar.
Em Ribeirão Pires, a validade dos conjuntos de coleta para material biológico utilizado para o exame RT-PCR também é a longo prazo, 2021 e 2022. A cidade, que já testou 1.407 pacientes, faz testagem em pacientes em situação de risco, ou seja, que exercem atividades profissionais de risco, profissionais de saúde, de segurança, limpeza pública, transportes públicos; e população que ofereça risco para oferecimento de complicações nas infecções de covid-19, por necessitarem de cuidados avançados.
Sem agendamento
Em Santo André, o volume de exames que o município dispõe também está dentro dos parâmetros de validade. Até o momento, ao todo, foram realizados mais de 98 mil testes na cidade. Os exames estão disponíveis na rede de Atenção Básica, no Centro de Enfrentamento à Covid-19, nas UPAs e hospitais do município, e são realizados de acordo com protocolos de atendimento para covid-19. Não é necessário agendamento para avaliação médica nos casos de pacientes sintomáticos para covid-19.
O Centro Universitário Saúde ABC – Faculdade de Medicina do ABC trabalha com metodologia própria desenvolvida para detecção do SARS-CoV 2 – o vírus que causa a doença covid-19 – e não compra testes prontos disponíveis no mercado. Assim, desde março, o Laboratório de Análises Clínicas da FMABC já realizou mais de 100 mil exames de covid-19. Cerca de 65% foram somente do tipo RT-PCR e 35% de sorologia (teste rápido, ELISA e eletroquimioluminescência).
Padrão ouro
Para o infectologista Juvencio Furtado, professor na Faculdade de Medicina do ABC e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, ainda que existam outros testes disponíveis no mercado para averiguar a presença do vírus, como o exame de sorologia e o de saliva, o RT-PCR continua sendo o mais indicado. “É a metodologia considerada padrão ouro, que detecta o material genético do vírus em amostras respiratórias”, explica.
Segundo o médico, o PCR é um dos únicos testes que mostra com 95% de clareza se o paciente está ou não com a doença, em um período de até 4 dias. “A chance do resultado dar errado é quase nula e, além disso, pode detectar a carga viral até o 12º dia de sintomas, por isso não pode ser descartado ou substituído”, enfatiza.
Sobre a validade dos exames, o infectologista explica que não há o que se preocupar, pois a maioria dos medicamentos e testagens tem validade de, no mínimo, dois anos no mercado. “Se pensarmos que estamos há oito meses com a pandemia e que a testagem está no mercado há seis, temos pelo menos um ano e meio de folga. Até que se extrapole o prazo de validade, temos um prazo a mais, e que deve ser contado também, então não há motivos para alardes”, diz.
Apesar da preocupação com as testagens, o médico defende que deve permanecer com o uso de equipamentos de segurança e constante higiene. “O uso da máscara, do álcool em gel e a preocupação com segurança que não devem ser deixados de lado. O relaxamento da população fez com que os casos da doença voltassem a subir e não podemos deixar de nos cuidar”, lembra.