No feriado do Dia da Consciência Negra, o País não tem muito o que comemorar. Segundo dados do Atlas da Violência 2020, divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em agosto deste ano, a taxa de homicídios de negros aumentou em 11,5% no Brasil. Em contrapartida, São Paulo é Estado com as menores taxas, com queda de 47,3%, já que o índice nacional constatou 37,8 mortes para cada 100 mil habitantes negros, enquanto que em São Paulo o número é de 9,8 para cada 100 mil.
Nos últimos seis anos do estudo, de 2013 a 2018, a redução foi 34,7% no Estado. De acordo com a pesquisa, que analisa indicadores criminais do período de 2008 a 2018, a chance de um negro ser morto no Brasil é 2,7 maior do que uma pessoa não negra. Já em São Paulo, essa possibilidade é 50% menor. Em 2018, os negros representaram 75,7% das vítimas de todos os homicídios ocorridos no País.
Enquanto isso, os assassinatos entre os não negros, no mesmo período, tiveram diminuição de 12,9% no País. O que justifica a alta nos números nacionais que de homicídios entre a população negra, segundo a presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado, Raquel Kobashi Gallinati, é a falha na efetividade de leis e políticas públicas.
“Os números mostram que, apesar de políticas e leis que garantem a igualdade formal das pessoas, a gente não presencia a igualdade material dos negros em todos os acessos, inclusive de trabalho e social”, diz, em entrevista ao RDtv. A delegada ainda completa que é necessário a melhoria em um âmbito geral. “O que queremos é uma bandeira não só dos negros, mas de direitos humanos, para que essa igualdade material seja buscada cada vez mais”, completa.