As urnas eletrônicas das sessões eleitorais do ABC vão reunir neste domingo (15/11) 3.854 candidatos a vereador, prefeito e vice, número 17,1% maior do que os 3.291 concorrentes da última eleição municipal. Se considerarmos apenas os candidatos a prefeito, houve um incremento de 20% em relação a eleição anterior, passando de 100 para 120 candidatos.
A explicação para o aumento do número de candidaturas a vereador se explica pelo fim da coligação proporcional, até 2016 os partidos podiam formar coligações e seguir para as urnas com o número de vereadores como se fossem um único partido, agora a nova regra proíbe as coligações proporcionais, mas elas continuam valendo para os cargos majoritários (prefeito e vice).
As cidades com maior número de candidatos majoritários, são Diadema e Mauá, só nesses dois municípios o aumento de candidatos, comparando 2016 com 2020, já explica a alta. Diadema teve nove chapas inscritas há quatro anos, portanto 18 candidatos; quatro anos depois foram 13 chapas, ou 26 candidatos. Em Mauá a alta foi ainda maior de sete chapas para 13, elevando o número de concorrentes de 14 para 26. São Bernardo manteve o mesmo número de chapas inscritas, 6; situação igual a de São Caetano que manteve em 8 chapas. Ribeirão Pires foi o único município que terá menos concorrentes este ano em comparação com a eleição anterior, caindo de 9 para 5 chapas; e Rio Grande da Serra aumentou de 4 para 6 chapas.
Em 2016 a cidade com maior número de candidatos a vereador era São Bernardo (724) e isso se manteve este ano (873). Em segundo lugar vinha Santo André, na época com 563 candidatos à Câmara, mas neste ano a cidade fica em terceiro, com 611 postulantes, Mauá passou à frente ocupando a segunda posição com 642 candidatos.
Outra análise é que o número de candidaturas femininas no geral, vereadora, prefeita e vice, praticamente não mudou, gravitou em torno dos 30% que é o mínimo definido por lei. Mauá e Ribeirão Pires foram as cidades com maior percentual de mulheres nas urnas em 2016, com 32,2% e 32,1%, respectivamente. Este ano São Bernardo e São Caetano são as cidades com maior número de candidatas, empatadas em 34,4%. Também empatadas com 33,8% ficaram em segundo Diadema e Santo André. Rio Grande da Serra ficou com 33,7%, Ribeirão Pires teve 32,7% e Mauá é a que menos mulheres terá nas urnas esse ano; elas correspondem a 32,3%.
Para o cientista político e professor da UFABC (Universidade Federal do ABC), Diego Sanches Corrêa, avalia que o percentual de candidaturas femininas é muito baixo e ele chama atenção para um percentual ainda melhor delas que conseguirá ser eleita. “Os desafios às candidaturas de mulheres são muitos. Enfrentam barreiras estruturais na sociedade, economia e também na política. Somente uma lei de cotas eficaz poderia alavancar suas candidaturas e, mais importante, aumentar as chances de serem eleitas. O Brasil está muito atrasado neste aspecto, porque não tem uma lei de cotas eficaz. Ainda que tenham 30% das candidaturas, uma porcentagem muito menor do que esta será eleita em todas as cidades”, analisa.
Nem tão à direita, nem tanto à esquerda; rejeição pode favorecer moderados
A eleição de 2016 representou o maior impacto negativo que o PT sentiu em toda a sua história. As investigações da Lava Jato contra o ex-presidente Lula ergueram um sentimento antipetista que trouxe péssimo resultado eleitoral para a sigla que se criou no ABC. Em número de votos para vereador, há quatro anos, o partido só ficou em primeiro lugar em Santo André, lembrando que o partido, do então prefeito candidato a reeleição, Carlos Grana, apesar de melhor votado na chapa proporcional, foi derrotado pelo PSDB, do prefeito Paulo Serra, que tenta reeleição este ano.
Para o cientista político Diego Sanches Corrêa, professor da UFABC (Universidade Federal do ABC) o antipetismo ainda é latente, como também é muito grande a rejeição aos partidos de ultradireita e os que são apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “A tendência é de queda (dos partidos que ascenderam na eleição presidencial de 2018). A rejeição a Bolsonaro vem aumentando em São Paulo, o que prejudica partidos e candidatos que reproduzem seus discursos ou se apoiam em sua imagem. Assim o eleitor tende a ser atraído por opções mais moderadas. Isso beneficia o PSDB, que já comanda várias cidades da região e se afastou do Bolsonarismo nesses dois anos”, analisa.
O professor da Federal do ABC, também avaliou os posicionamentos dos partidos na última eleição em que, mesmo os mais votados não chegaram perto dos 20%. “A minha impressão é que o sistema partidário continua muito fragmentado. O melhor partido levar menos de 15% mostra o quão fragmentado é nosso sistema partidário” analisou.
Fora Santo André, onde o PT teve mais votos para vereador, no restante do ABC, na eleição passada mostrou a rejeição ao partido. O PSDB, maior adversário petista foi primeiro lugar em Rio Grande da Serra, São Bernardo e São Caetano. O PSB foi mais votado em Ribeirão Pires, o PRP, em Mauá e o PV teve mais votos em Diadema.