As pesquisas realizadas pelo Ibope sobre as intenções de voto nas sete cidades do ABC revelaram cenários consolidados em cinco cidades da região, Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Ribeirão Pires, se as eleições fossem nesta quinta-feira (05/11). Há dez dias do primeiro turno em Mauá a liderança do prefeito Átila Jacomussi (PSB) não é confortável e em Ribeirão Pires, Claudinho da Geladeira (Podemos) também pode ser ameaçado. Os especialistas em estatísticas e pesquisas, Maurício Mindrisz, diretor do Instituto de Pesquisas ABCDados, e o reitor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Leandro Prearo analisaram as pesquisas publicadas pela imprensa regional.
Os dois especialistas concordam de que a eleição deste ano será impactada pela pandemia da covid-19, porém mais a campanha do que pela participação nas urnas. “A impressão era de que muitos não iriam votar, mas as pesquisas mostram o contrário, com os índices de branco e nulo baixos na região”, aponta o professor da USCS. Já Mindrisz citou pouco volume de campanhas nas ruas. “A eleição de 2020 vai ser muito marcada, comparando com eleições anteriores nas ruas não se vê o clima eleitoral”.
Prearo avalia ainda que a pesquisa sendo divulgada há dez dias do pleito, traz um cenário mais real do que pode ser o resultado das urnas. “A eleição que tem a consolidação mais perto da eleição. Temos cinco cidades mais ou menos consolidadas e a intenção de brancos e nulos, me parece abaixo do esperado que é positivo e significa que a população está se engajando mais; 9% de brancos e nulos acho superpositivo”, apontou.
A pesquisa Ibope foi contratada pelo Diário do Grande ABC, realizada entre os dias 1 e 3/11 e a margem de erro é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.
São Bernardo
A pesquisa de São Bernardo, coloca o prefeito Orlando Morando (PSDB) com grande vantagem sobre o segundo colocado Luiz Marinho (PT), 48% e 24%, respectivamente na pesquisa estimulada (em que se mostra um disco com os nomes dos candidatos ao pesquisado). Quando analisados somente os votos válidos (excluindo-se brancos, nulos e indecisos) os números são ainda mais favoráveis ao tucano, 60% contra 30% do ex-prefeito petista, ou seja, se a eleição fosse nessa quinta-feira o atual prefeito seria reeleito no primeiro turno. “Sem nenhuma terceira via consolidada, era esperada essa polarização com Orlando Morando na frente”, analisa Prearo. Mindrisz, por sua fez lembrou da saída do deputado federal Alex Manente (Cidadania) do páreo; a figura presente das últimas eleições municipais resolveu apoiar Morando. “Com a saída do Alex Manente desse jogo a eleição ficou nisso aí. Os outros quatro candidatos somados não chegam a 10% seria uma eleição de um turno, qualquer que fossem os candidatos”, comentou. Foram entrevistadas 602 pessoas e a pesquisa foi registrada no TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) sob número SP-09880/2020.
Santo André
Os números mostram que se a eleição fosse nesta quinta-feira (05/11) o prefeito de Santo André Paulo Serra (PSDB) seria reeleito no primeiro turno. Na pesquisa estimulada o tucano aparece com 57% dos votos contra 11% de Bruno Daniel (Psol). Quando analisados apenas os votos válidos Serra definiria a disputa no primeiro turno e levaria a prefeitura pela segunda vez com muita folga, 72% contra 14% do adversário melhor colocado.
“Santo André é a cidade mais consolidada e não tem nenhuma surpresa; são mais de 50 pontos de diferença. Os dois, tanto o prefeito Paulo Serra como o Bruno Daniel têm rejeição muito baixa”, diz Prearo. Santo André é uma das cidades em que o PT, não demonstrou tanta força. A vereadora Bete Siraque, representante petista ao pleito majoritário, ficou apenas em terceiro lugar com 6%. “Santo André carrega uma rejeição maior ao PT; o eleitor mais à esquerda migrou para o Bruno Daniel”, analisa Prearo. Tirando o líder na pesquisa, e Bete que já é do PT, outros candidatos tiveram a mesma origem, Bruno é irmão de Celso Daniel, prefeito petista assassinado em 2002; João Avamileno (hoje no Solidariedade) foi vice de Celso Daniel e depois prefeito pelo PT. Foram entrevistados 602 munícipes e a pesquisa tem registro no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) sob o número 1842/2020.
São Caetano
Na pesquisa estimulada do Ibope em São Caetano o prefeito José Auricchio Júnior (PSDB) venceria a eleição se o pleito fosse nesta quinta-feira. Na cidade não tem segundo turno e ele venceria o segundo colocado, Fabio Palacio (PSD), por 44% contra 17%. Se considerados apenas os votos válidos (menos brancos e nulos), o tucano chega a 58% e Palacio 22%.
Para Maurício Mindrisz não há surpresa nos números, mas ele ressalta os 27% de eleitores que disseram que não sabem em quem vai votar ou que não votaria em nenhum dos candidatos. “Esse é um número muito maior do que em outras eleições. Mesmo assim a eleição de 2020 pode garantir o quarto mandato do prefeito Auricchio. Das pesquisas que a gente fez em março e abril a avaliação melhorou muito”, disse o diretor do ABCDados. Para ele a participação do prefeito diariamente em balanços durante a fase mais aguda da pandemia, as políticas públicas de saúde adotadas, a testagem e a participação nos estudos sobre a vacina ajudaram na popularidade do prefeito. “Os equipamentos instalados e também participação mais ativa na vacina ajudaram e também porque São Caetano tem uma população mais idosa, isso explica essa grande vantagem do Auricchio” analisou.
Leandro Prearo falou dos votos válidos que somam 58% para Auricchio, 22% de Palacio e 10% para Thiago Tortorello (PRTB). “É a maior diferença do primeiro para o segundo colocado”, calcula. Ele também acredita que a pandemia acabou ajudando o prefeito tucano. “Trabalho no combate ao covid consolidou ainda mais o prefeito, que ficou com rejeição baixa de 29%, ou seja, São Caetano é outra cidade com cenário bem consolidado”, avalia. Auricchio segue com candidatura indeferida, porém segue com sua campanha normalmente porque ainda cabem recursos. Na pesquisa de São Caetano o Ibope ouviu 406 eleitores e o número de registro da pesquisa no TRE é SP-05207/2020.
Diadema
Diadema, segundo a pesquisa do Ibope é o cenário que permite maior número de possibilidades de resultado no dia 15/11. O petista e prefeito por três vezes da cidade, José de Filippi Júnior lidera com folga a pesquisa estimulada, com 38% das intenções. No segundo pelotão, mas bem distante do líder, estão cinco candidatos empatados tecnicamente na margem de erro de 4 pontos percentuais para cima ou para baixo, são eles: Revelino Teixeira, o Pretinho (DEM) e Taka Yamauchi (PSD), ambos com 9%; Ricardo Yoshio com 8%; Ronaldo Lacerda (PDT) que tem 6% e Marcos Michels (PSB) que tem 5%.
Se calculados apenas os votos válidos, Filippi sobe para 47% e belisca a chance de levar a prefeitura pela quarta vez já no primeiro turno. Se isso não acontecer a briga então fica para os cinco candidatos tecnicamente empatados, para definir quem vai disputar o segundo turno com o petista. Maurício Mindrisz lembrou da história do PT na cidade e a força que ainda representa. “Em 1.982 a primeira vitória do PT foi em Diadema e junto com a experiência do Filippi e isso pode dar a ele o quarto mandato”, analisa. Ele também falou sobre a rejeição do candidato Pretinho que é o postulante apoiado pelo prefeito Lauro Michels (PV). “Em 2016 o Lauro não tinha avaliação suficiente para conseguir, mas por uma série de motivos ele conseguiu. A avaliação dele continua fraca, entre ruim e péssima”, comentou.
“São cinco candidatos absolutamente embolados para a disputa do segundo turno. Difícil de imaginar o que vai acontecer. A maior rejeição, 33%, é do Pretinho, contra 27% do Filippi. A rejeição do petista é baixa o que possibilita a ele brigar pelos 3 pontos que o levariam a vitória no primeiro turno. O percentual de 8% entre indecisos é alto ainda”, analisou Leandro Prearo. O Ibope ouviu em Diadema 504 eleitores. A pesquisa foi registrada no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) sob o número 04935/2020.
Mauá
O quadro ainda é indefinido em Mauá onde o atual prefeito e candidato a reeleição Atila Jacomussi (PSB) está à frente dos concorrentes, com 30% das intenções de voto na pesquisa estimulada, mas a eleição em Mauá caminha para o segundo turno. Marcelo Oliveira (PT) ficou com 13% da preferência do eleitorado enquanto Juiz João (PSD) ficou com 11%. Donisete Braga (PDT) e José Lourencini (PSDB) ficaram com 6% cada. A cidade ainda tem outros sete candidatos que ficaram abaixo dos 3%.
Jacomussi sobre para 40% se considerados apenas os votos válidos e Oliveira fica com 17%. Para Prearo a rejeição do prefeito que busca a reeleição o impede de subir a ponto de definir o pleito no primeiro turno. “Com 40 pontos ele fica bastante consolidado no segundo turno. Marcelo Oliveira vem carregando os votos do PT na cidade a novidade é o Juiz João aparecendo junto ao Marcelo. Mas temos quatro candidatos para concorrer com o Atila que tem rejeição em torno de 40% que limita o segundo turno. De todas as sete cidades, Mauá tem a maior proporção de brancos e nulos; 17%” aponta o reitor da USCS.
O pesquisador do Instituto ABCDados, também concorda com a ascensão de Juiz João. “Uma surpresa é o Juiz João que vem crescendo e pode complicar bastante o pleito; será uma disputa grande dele com o Marcelo Oliveira; um deles vai para o provável segundo turno. O candidato do PSD pode significar o novo para o eleitor”, interpreta Mindrisz. A pesquisa Ibope ouviu 504 eleitores de Mauá e foi registrada sob o número 08172/2020.
Ribeirão Pires
Em Ribeirão a vantagem é grande para o ex-prefeito Clóvis Volpi (PL) que ficou com 43% do eleitorado segundo a pesquisa Ibope, contra 25% do atual prefeito Adler Teixeira, o Kiko (PSDB). Marisa das Casas Próprias (SD) ficou com 8%; Felipe Magalhães (PT) tem 5%; Carlos Sacomani Banana (PSL) teve 2%. A cidade, que tem menos de 200 mil eleitores, não tem segundo turno.
Para especialistas em pesquisas ouvidos pelo RD, a diferença entre os dois primeiros colocados se reforça quando analisada a rejeição. Kiko tem 48% de rejeição, já Volpi é rejeitado por 26%. “Provavelmente a rejeição ao governo faz com que esse número seja tão descolado”, comenta Prearo. “Diferença de 18% na minha opinião surpreendente”, completa Mindrisz. Foram ouvidos em Ribeirão 406 pessoas e o registro da pesquisa tem o número 7589/2020.
Rio Grande da Serra
Claudinho da Geladeira (Podemos) venceria a eleição, de acordo com a pesquisa Ibobe. Ele ficaria com 39% do eleitorado contra 22% da segunda colocada Marilza de Oliveira (PSD) atual vice-prefeita e apoiada pelo prefeito Gabriel Maranhão (Cidadania). A candidata está em empate técnico com Akira Auriani (PSB) uma revelação desta eleição, já que é vereador em primeiro mandato.
Como Claudinho trocou o PT pelo Podemos, parte do eleitorado que diz votar nele pode ainda mudar, segundo a análise de Mindrisz. “Não afirmaria com tranquilidade que a situação do Claudinho está consolidada. Ele teve três mandatos de vereador pelo PT e grande parte desse eleitorado é teoricamente eleitor do partido e acha que está votando no PT. Claudinho não só saiu da sigla como foi para o Podemos, talvez o maior adversário do presidente Lula, que ainda é muito forte na região. Essa semana é fundamental e pode mudar esse quadro”.
Apesar de também considerar que a liderança de Claudinho não está consolidada, Leandro Prearo diz que o tempo é curto para grandes mudanças no quadro. “A Marilza carregaria rejeição do governo, mas a rejeição dela é pequena de 26% que sugere uma possibilidade, por ser do governo, de crescimento. Quando vemos os votos válidos ficamos com 44% (Claudinho) e 25% (Marilza), essa é uma diferença muito grande para ser coberta em 10 dias, mas há espaço”, conclui o reitor da USCS. A pesquisa ouviu 406 eleitores de Rio Grande da Serra e está registrada sob o número SP-05569/2020.