O percentual de brasileiros com anticorpos contra o novo coronavírus caiu de 3,8% em junho para 1,4% em agosto, de acordo com a pesquisa da Epicovid-19 BR. O estudo mostra que a pandemia está em desaceleração na maior parte do País, o que levou o Governo do Estado a confiar que seria o momento ideal para imunizar toda a população contra a doença. No entanto, para uma parcela de profissionais da saúde, é preciso que se tenha uma vacina 100% eficaz para que não haja resultados adversos.
Em entrevista ao RDtv, a gestora do curso de Biomedicina da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Adriana de Brito explica que a decisão do Governo do Estado em imunizar toda a população a princípio poderia trazer incerteza e medo para a população. “Obrigar toda a população a se vacinar sem que haja um acompanhamento de todos os pacientes é algo muito arriscado, porque pode sim ter reações adversas à vacina, assim como qualquer outra imunização”, explica a biomédica.
No início da pandemia, especialistas acreditavam que os anticorpos produzidos após uma infecção pelo novo coronavírus permanecessem durante um longo tempo no corpo humano, mas pesquisas mostraram que esse não é o caso. Estudos feitos em vários países mostraram que os anticorpos podem sumir no sangue de pessoas já recuperadas da doença no período de dois ou três meses, no entanto isso não garante que estão imunes a uma nova infecção, já que os anticorpos são apenas uma parte da defesa contra o vírus. “E isso é algo que também deve ser estudado antes da vacina ser aplicada em massa. Será que todos devem receber a imunização?”, questiona.
Para a profissional da saúde, o declínio de novos casos da doença faz parte do processo da pandemia, uma vez que existe a fase inicial e a de ascensão de casos que é quando o maior número de pessoas adquire a doença e protege o restante da população da região. “É o que está acontecendo agora, mas a imunidade de rebanho – como é chamada – para ser efetiva, precisa atingir entre 40% a 60% da população, e o que está acontecendo com o coronavírus é que em algumas regiões, ao atingir 30% de imunidade, já está sendo considerado suficiente”, explica.
A biomédica destaca que ainda há muito o que se pesquisar, principalmente sobre a reincidência de casos de pessoas que já foram infectadas antes mesmo de aplicar uma imunização em massa. Nesta fase, a permanência das pessoas em isolamento social, apesar da flexibilização na Fase – 4 (verde) do Plano São Paulo, é imprescindível. “Enquanto não houver uma vacina 100% eficaz e segura para a população, não podemos deixar os cuidados básicos para trás e nos cuidarmos sempre, com uso de máscara, higiene e proteção”, enfatiza.