O ABC está continua testando sua população, apesar do número de testes ter diminuído se comparado o realizado em julho com os testes feitos em setembro. O número de pessoas em isolamento social também caiu para níveis abaixo dos abaixo dos 40%. Esses dois fatores somados à reabertura da maioria dos segmentos econômicos trazem a preocupação de um aumento no número de casos da covid-19, ainda mais quando já não se tem mais esperança de que a vacina para a doença esteja disponível para todos este ano.
Segundo os dados informados pelas prefeituras, os números de testes rápidos realizados em julho e setembro tiveram uma queda substancial, passando dos 50.543 para 19.484, queda de 61,4%. Já o número de testes PCR, o teste de laboratório, teve alta de 53%, saltando de 8.208 para 12.576. O levantamento considera as cidades de São Bernardo, São Caetano, Diadema e Ribeirão Pires, já que Santo André, Mauá e Rio Grande da Serra não informaram, os números da testagem. A prefeitura andreense informou apenas o número total de testes rápidos já realizados; 84.587.
O RD também analisou os dados do sistema do governo do Estado que avalia a adesão ao isolamento social. Comparamos duas quintas-feiras, uma no mês de julho, o dia 16, e outra em outubro, dia 15. A queda no isolamento variou entre 2% e 7%. A cidade com menor índice de isolamento social na data mais recente é Diadema, que também é a cidade com maior variação negativa de pessoas em casa. Em 16 de julho o percentual de pessoas respeitando o isolamento social na cidade era de 41%, três meses depois esse número caiu para 34%.
O médico infectologista e professor da Faculdade de Medicina do ABC, Juvêncio Furtado, a chave para a continuidade do número de doentes em queda é a conscientização através da informação. Para ele, quanto maior o número de pessoas nas ruas maior é o risco dos números aumentarem, mas o importante é que qualquer ação de relaxamento do isolamento deve ser acompanhada de um reforço na campanha de prevenção. “Mais gente na rua e lugares mais cheios claro que traz um risco maior, mas se considerarmos que o isolamento total por um longo tempo é quase impossível, o importante a ser feito é reforçar a conscientização para que as pessoas lavem as mãos com frequência, que usem o álcool em gel e a máscara”, analisa.
Segundo Furtado o número de casos de reinfecção são raríssimos, mas deve ser considerado também que tudo que se refere a covid-19 é novo. “O que se sabe hoje, amanhã pode ser diferente, mas até agora há apenas um caso de reinfecção por covid, os demais são infecções por outras doenças, ou seja, pode acontecer, mas é muito raro. Enquanto mantemos a esperança da vacina, muitas pessoas ficaram imunes e, à medida que isso progride, diminui a circulação do vírus”, diz o médico.
Para o especialista, mesmo com todos os cuidados, como máscara, mãos lavadas frequentemente e uso do álcool, sempre há um risco. “Eu vejo que a maioria das pessoas tem usado a máscara corretamente, alguns poucos não, então existe uma lacuna muito grande para a informação. Existe uma consciência relativa sobre a prevenção. Não podemos voltar ainda ao que era no começo do ano, não podemos sair nos abraçando, mas também não estamos mais no patamar de desespero do início da pandemia”, analisou.
Veja a seguir quadro com o número de testes aplicados e o isolamento social na região: