Pelo menos 4 mil estudantes já migraram da rede privada para a rede pública no ABC desde o início da pandemia do novo coronavírus. As informações foram dadas pelas secretarias de educação da região e pelo subsecretário de Articulação Regional do Estado, Henrique Pimentel, que apontou que em todo o Estado, pelo menos 14 mil estudantes solicitaram transferência para a rede estadual desde março, sendo que pelo menos 2,5 mil delas ocorreram na região.
De acordo com Pimentel, o número de alunos que deixaram a rede particular pela rede estadual cresceu 10 vezes mais em relação ao primeiro semestre do ano passado. “Houve um aumento considerável em todo o Estado, e na região metropolitana sentimos que essa alta foi de pelo menos 20% na rede estadual, um número bastante considerável em relação às matrículas”, diz. Segundo o subsecretário, o aumento foi proporcional em todas as séries.
Para dar conta da demanda, o secretário conta que as escolas se planejaram, desde o início do ano para receber os novos alunos. “Nos preparamos desde o início do ano com mais salas de aula e escolas preparadas para receber essa demanda, e não haverá superlotação”, tranquiliza acerca da retomada das aulas que já acontece de forma optativa em parte das cidades do Estado.
Prefeituras se dizem preparadas para nova demanda
Quem também deve receber uma onda de novos alunos do ensino privado é a rede municipal, que já recebe alerta de atenção desde o início da pandemia. Em São Caetano, a movimentação aumentou 47% se comparado com o mesmo período de 2019, 488 alunos migraram da rede particular para o ensino municipal de março até agora. Segundo a prefeitura, há vagas suficientes para atender a demanda.
Em Santo André, os pais de 457 alunos não conseguiram manter as mensalidades de seus filhos nas redes particulares de ensino, o que levou a transferência dos estudantes para a rede pública e ocasionou alta de 1,3% no número de estudantes matriculados na rede. A cidade informou, também, que há vagas suficientes, no entanto monitora mensalmente os atendimentos na Educação, através do Mapa de Movimento.
São Bernardo, que atualmente atende 627 alunos que vieram da rede particular, também não prevê problemas para o próximo ano letivo. A administração informa que por contar com estrutura ampla para atendimento aos 82 mil alunos, há vagas para transferências. As prefeituras de Mauá e Diadema, não informaram quantos alunos já atendem esse ano vindos as escolas privadas. As duas cidades ainda não têm uma previsão para o próximo ano pois ainda estão em processo de inscrições e análise das matrículas.
Escolas particulares ainda não calcularam os prejuízos
Em agosto, entre 30% a 50% das escolas particulares do Brasil estavam sob risco de falência, em razão da pandemia, e na região a situação não era diferente. As escolas particulares, inclusive de tradição ameaçavam fechar as portas por conta da redução de receita, ocasionada pela necessidade de conceder descontos por atrasos nas mensalidades e pela inadimplência, que chegou a bater os quase 70%. No entanto, segundo a presidente da Aesp-ABC (Associação das Escolas Particulares do ABC), Oswana Fameli, ainda não há estatísticas gerais sobre a real situação das escolas particulares.
A presidente declara, ainda, que desde o início da pandemia ocorreram diversas solicitações para descredenciamentos de matrículas, apesar disso, depende de cada escola fornecer o levantamento para a Associação com as estratégias adotadas para manter o funcionamento da escola e/ou impulsionar as matrículas.