A falta de participação dos municípios em estratégias e planos a níveis regionais é uma das principais preocupações de professores e especialistas quando o assunto é desenvolvimento econômico. Em entrevista ao canal RDtv, o professor de economia e coordenador do Observatório Econômico da Metodista, Sandro Maskio, aponta que prestes a encarar as Eleições 2020, a população do ABC ainda enfrenta o sério problema da individualidade, o que dificulta no desponte regional em um período marcado pelas dificuldades da recessão econômica.
De acordo com o economista, apesar de a população contar com um órgão que une os sete municípios, o Consórcio Intermunicipal do ABC, principalmente em momentos de grandes dificuldades a exemplo da pandemia, faltam estratégias a serem desempenhadas com olhar regional. “Ainda sentimentos que falta um olhar regionalizado a ser estudado com pontos que favoreçam todo um ambiente, e não apenas um município”, diz Maskio, que lança dia 21 de outubro o livro Políticas de Desenvolvimento Econômico Regional e Inovação Tecnológica, que faz uma discussão da importância das políticas regionais nas últimas décadas, e avalia de forma detida o caso do ABC.
Segundo Maskio, é momento de estudar algo a fundo e agregador, que se pense em políticas como um todo para não só tirar a região de uma crise, mas despontá-la em frente às demais regiões. “Potencial nós temos, mas essa fragmentação de não pensar em um coletivo faz com que a região perca a força que tem se não for pensada em uma só potência de coletivo”, acrescenta ao lembrar que um plano de integralidade apresentado por candidatos poderia trazer mudanças a partir de 2021.
Sem novidade
Para o doutorando em energia pela UFABC (Universidade Federal do ABC), Mário Garcia, existe ainda um outro ponto a ser melhorado na região, o uso da Agência de Desenvolvimento Econômico, que hoje a seu ver não tem trazido pontos positivos para as cidades. “A interferência política na agência acabou pesando mais contra do que a favor para as cidades, causou uma reação contrária do seu objetivo”, diz.
Garcia, que é também professor de Engenharia Elétrica e Mecânica da Fundação Santo André, defende que diante da reativação da Agência de Desenvolvimento Econômico, se faz necessário uma maior participação do empresariado local, com incentivo regional. “É momento de trazer o empresariado médio para perto e colocarmos ele na ativa novamente. Assim faríamos um plano totalmente interligado, com Agência, Consórcio, municípios e os empresários para desponte regional”, enfatiza.
Estratégia que corrobora ainda com a estratégia do docente na Escola de Negócios e pesquisador do Observatório de Pesquisas Públicas e Empreendedorismo e Conjuntura da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Roberto Vidal Anau, que defende além da maior organização do Consórcio Intermunicipal, um plano imediato de apoio das prefeituras à criação de startups e incentivo ao comércio local.
Para o professor, além da reorganização dos programas já existentes na região, uma das estratégias que poderia ter sequência nas cidades seria justamente a de parceria entre as prefeituras e universidades com as tradicionais aceleradoras. “Funcionariam como um estágio para os alunos e ao mesmo tempo seriam criados empreendimentos na cidade que incentivariam o comércio e as atividades locais, um plano muito interessante a ser pensado”, sugere o professor.
Na visão dos educadores ainda faltam propostas por parte dos pré-candidatos a prefeitos no ABC no que se refere a planos e estratégias de destinação e utilização de recurso público entre as cidades para desenvolvimento econômico a nível regional.