A Toyota do Brasil decidiu tirar a sua administração de São Bernardo, onde ela funciona junto a primeira fábrica da montadora construída fora do Japão e que atualmente produz peças. Há pouco mais de cinco anos os escritórios da empresa vieram da Capital para ficarem junto à fábrica em um prédio especialmente construído para os trabalhadores administrativos, agora o prédio será vendido e os funcionários transferidos para Sorocaba, no interior do estado. Quem não aceitar a transferência pode aderir ao PDV (Plano de Demissão Voluntária).
Nesta segunda-feira (28/09), o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC realizou assembleia para a votação de uma proposta que foi construída ao longo do final de semana junto com a montadora. O acordo acabou aprovado pela categoria. A proposta inclui a abertura de um PDV para todos os trabalhadores da área administrativa, com incentivo de 12 salários e manutenção do plano de saúde por um ano. O programa está aberto inclusive para aqueles que serão transferidos de planta e ainda para os aposentados que atuam na produção.
Para os trabalhadores que mudarão de planta o acordo garante o pagamento de dois salários no mês da transferência e 2,4 adicionais àqueles que optarem por mudar seu domicílio para a cidade do interior. Os que ficarem, terão transporte fretado de São Bernardo a Sorocaba por dois anos. A negociação também garantiu um ano de estabilidade a todos os transferidos.
O presidente do sindicato, Wagner Santana, recebeu com perplexidade a informação de que a Toyota transferiria suas atividades corporativas da planta de São Bernardo. “No anúncio, a direção da montadora disse que a mudança envolveria 600 trabalhadores e que fariam ainda o desligamento de outros 300. Diferente do que vivemos em 2015, por exemplo, quando os investimentos do Inovar Auto tornaram possível a ampliação da planta da Toyota e a construção do centro de desenvolvimento, hoje não há qualquer ação dos governos em defesa da indústria e dos empregos. Eles mantiveram a decisão de transferência, mas conseguimos um acordo bom para aqueles que serão transferidos, com estabilidade, e um PDV num bom patamar, de forma que as saídas aconteçam de forma voluntária”.
O sindicalista destaca que houve também uma redução no número de transferidos e na meta de redução do efetivo. “A empresa pretendia transferir 600 trabalhadores e conseguimos reduzir para 490. Dos 300 que a fábrica pretendia tirar, negociamos para que a meta seja de 120.”
A assessoria de comunicação da Toyota informou que as mudanças visam enxugar a parte administrativa e a transferência está mais ligada à logística, pois em Sorocaba a administração estaria mais perto de Indaiatuba e Porto Feliz. “São estratégias para tornar a empresa mais competitiva, uma delas é a transferência da administração para Sorocaba, que deve acontecer em janeiro de 2021, e um PDV que começa já no final de outubro. Esse programa de demissão tem meta de atingir 300 trabalhadores, mas não apenas de São Bernardo, do administrativo de todas as fábricas da Toyota no Brasil”.
Em 2015 houve um investimento de R$ 70 milhões na unidade de São Bernardo que incluiu a instalação de um Centro de Pesquisa e Design, um Visitor Center, que recebe jovens estudantes para um tour na empresa e a construção do novo prédio para a administração que foi transferida da Capital para o ABC. Esse novo prédio agora será vendido. A empresa garantiu que não haverá nenhuma mudança na parte fabril, que produz componentes para carros da fábrica montados no país, na Argentina e nos Estados Unidos. “Não temos nenhuma intenção de encerrar as atividades da fábrica de São Bernardo”, sustenta a assessoria da Toyota. Para a empresa a unidade que fica na rua Max Mangels Senior, no bairro Planalto, é histórica, pois foi a primeira fábrica da montadora no país e a primeira fora do Japão, inaugurada em 1.962. Cerca de 1,4 mil pessoas trabalham na unidade que produz peças para os motores do Etios, Yaris, Corolla e Camry.
Wagnão também confirmou que a negociação levou em conta a continuidade da produção em São Bernardo. “A partir desse entendimento e do fechamento desse acordo, estamos agora voltados a buscar condições para ampliar a capacidade de produção da planta”.