Proteção social está sob ataque, diz servidora exonerada do Ministério da Saúde

Exonerada do Ministério da Saúde após o governo federal recuar da decisão de atualizar a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT), que incluía a covid-19, a servidora pública Karla Freire Baeta afirmou, nesta sexta-feira, 18, que a proteção social e os direitos dos trabalhadores estão sob ataque.

“Proteção social está rebaixada, sob ataque. Direito do trabalhador está rebaixado”, disse Baeta, horas após deixar o comando da Coordenação Geral da Saúde do Trabalhador. Além dela, Marcus Vinícius Quito foi dispensado da assessoria da mesma área, ambos com uma “canetada” do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

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Baeta soube há poucos dias que deixaria o ministério, sob a justificativa oficial de que usariam o cargo que ocupava. Para ela, no entanto, a saída está ligada à publicação da lista.

Durou somente um dia a inclusão da covid-19 no rol de doenças relacionadas ao trabalho. No último dia 2, o ministério revogou a medida, que poderia garantir, sem perícia, benefícios ao trabalhador, caso ele contraísse a doença no serviço.

A servidora observou que o recuo do governo não retirou apenas a covid-19 da lista, mas também outras dezenas de doenças. “A portaria foi concluída de forma democrática. Passou por consulta pública, oficina, tanto o setor patronal como o sindical (participaram).” De acordo com ela, a atualização era discutida há anos, mas ocorreu em um governo que “não conseguiu assimilar a lista”.

Servidora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Baeta disse que houve pressão de confederações patronais para a derrubada da portaria. Procurado para tratar das demissões, o ministério afirmou apenas que “cargos em comissão são de livre nomeação e exoneração.”

Não é a primeira vez que o ministério dispensa gestores por divergências relativas a discussões na Saúde. Em junho, por exemplo, Pazuello exonerou técnicos que assinaram nota sobre acesso à saúde sexual e reprodutiva na pandemia. O teor do documento havia sido distorcido pelo presidente Jair Bolsonaro em postagem nas redes sociais, sugerindo que houve uma tentativa de legalizar o aborto.

O texto reforçava ações já previstas pelo governo sobre saúde das mulheres e recomendava monitorar estoques de métodos contraceptivos, capacitar equipes contra violência sexual e “reiterar a continuidade dos serviços de assistência aos casos de violência sexual e aborto legal.”

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