A pandemia do novo coronavírus (covid-19) tem desatado uma crise de proporções globais nos campos da saúde, social e econômico. Países inteiros entraram em crises severas e no Brasil a situação não foi diferente, como consequência das medidas de isolamento social, da queda do investimento e dos preços mundiais da commodities, o Banco Mundial prevê retração de 8% de suas atividades econômicas. Em entrevista ao RDtv, o professor e economista da Universidade Municipal de São Caetano do Sul USCS/Conjuscs, Luis Carlos Burbano Zambrano, fala sobre os impactos da pandemia.
O estudo do economista aponta que a queda representa a maior dos 120 anos para os quais o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) dispõe de dados sobre comportamento do PIB. “Nesse cenário de flexibilização gradual das restrições à mobilidade e ao funcionamento das atividades econômicas, projeta-se uma queda do PIB nacional de no mínimo 6% durante 2020 seguido de uma recuperação extremamente lenta, somente 3,6% para 2021”, diz.
Segundo o pesquisador, a forte contração da economia trazida pela pandemia irá resultar em fortes incrementos das taxas de desemprego e informalidade, com a consequente elevação da pobreza e da desigualdade social. “Devido à essa incerteza que existe sobre a evolução da pandemia, é possível que os efeitos da retração da economia se estendam no médio prazo e deixem sequelas ainda mais duradouras”, enfatiza o economista.
Assim, um dos setores mais afetados, será o turismo. Até o início de 2020, as perspectivas do crescimento do turismo global eram bastante promissoras, o que mudou com o passar do tempo. “Uma das principais tendências do turismo durante seus últimos 25 anos é seu constante crescimento, mas isso mudou. Após ter uma participação de US$ 8,8 trilhões ao PIB mundial (10,4%), uma alta de 3,9% em relação a 2017, superior à expansão da economia global (3,2%), será o setor que mais sofrerá”, aposta.
O setor que foi responsável por empregar 319 milhões de pessoas, tornando-se protagonista na abertura de 1 em cada 10 postos de trabalho, pode ser o setor que mais desemprega, a partir da pandemia. “As boas perspectivas de crescimento da demanda por viagens foram rapidamente frustradas pelo surgimento e a acelerada propagação da pandemia do coronavírus. O fechamento de fronteiras, o cancelamento de voos nacionais e internacionais e a implantação de medida restritivas das atividades econômicas, praticamente paralisaram o mercado turístico”, explica.
Toda a cadeia de valor do turismo ao nível mundial foi afetada pela crise desatada pela pandemia do coronavírus. Porém, são as pequenas e médias empresas que, de acordo com o pesquisador constituem 80% do setor, as mais vulneráveis. “São milhões de pessoas para as quais o turismo é sua única atividade de subsistência. Elas são as que mais sofreram as consequências do fechamento de suas atividades, aumentando os riscos do crescimento da pobreza e da miséria no mundo todo”, completa.
Para Zambrano, o caminho para a recuperação total da atividade turística será longo e lento. “O retorno do consumo se dará de forma gradual e ainda sob medidas de distanciamento social, baseado no atendimento de protocolos de saúde”, projeta. A volta efetiva das atividades turísticas, segundo o pesquisador, dependerá de certeza de imunização em massa da população. “É muito possível que teremos que esperar até 2022 para atingir os níveis de negócios antes da pandemia de coronavírus”, enfatiza.