Juros fecham em queda com leitura positiva do IPCA, bom humor externo e dólar

Os juros futuros fechara o dia em queda nesta quarta-feira, influenciados pelo apetite ao risco no exterior, queda do dólar e dados de abertura do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto. O recuo, porém, era mais acentuado pela manhã. À tarde, as taxas reduziram o ritmo na última hora de negócios, sobretudo nos vencimentos de longo prazo, em função das operações relacionadas ao leilão de títulos do Tesouro na quinta-feira, que um dia antes costumam pressionar as taxas. Ainda, um leilão mal sucedido de T-Note de dez anos, que inclinou mais a curva americana, teria respingado também por aqui.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 2,79%, de 2,833% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2023 passou de 4,044% para 4,00%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 5,79%, de 5,844% na terça, e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 6,793% para 6,74%.

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No leilão do Tesouro americano, a oferta era de US$ 35 bilhões. O banco BMO Capital diz que a taxa bid-to-cover, um indicativo da demanda, ficou em 2,30, abaixo da média recente de 2,43, e aponta que depois do leilão a curva americana ficou mais inclinada.

No Brasil, a perda de fôlego de queda sobretudo na ponta longa no fim do dia acabou por zerar o movimento de redução de inclinação visto até o começo da tarde, quando as taxas batiam mínimas, e os diferenciais nas principais medidas de trava fecharam praticamente nos mesmos níveis de terça. É o caso do spread entre os vértices janeiro de 2023 x janeiro de 2027 que passou de 275 pontos-base na terça para 274 pontos.

O maior apetite pelo risco global nesta quarta-feira resultou em bom desempenho do real ante o dólar, favorecendo a redução dos prêmios na curva, com destaque para os vértices mais longos que depois arrefeceram. Os demais trechos responderam à abertura considerada benigna do IPCA, com núcleos abaixo do esperado e forte queda (-0,47%) nos preços de serviços, a maior deflação para o setor no Plano Real, segundo o Banco BV. Assim este segmento conseguiu limitar o impacto da alta de 0,78% de Alimentação no índice cheio, que subiu 0,24% no mês passado, praticamente em linha com a mediana das estimativas (0,25%).

A despeito do risco de os preços de alimentos continuarem subindo em função de um contágio dos IGPs, por sua vez pressionados por elevação das commodities e do dólar, prevaleceu a percepção de que o choque tem natureza na oferta e não da demanda, e, com isso, nada mudaria para na política monetária. Tanto que na curva a precificação de Selic nos próximos meses praticamente não mudou em relação ao dia anterior, com o mercado amplamente posicionado para a manutenção da Selic em 2% no Copom da semana que vem.

Nesta quinta, a expectativa é por mais um lote grande na oferta dos papéis no leilão, embora talvez não tanto quanto na semana passada, quando a instituição vendeu, entre LTN e NTN-F, mais de 30 milhões de títulos.

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