Um médico, cujo nome não foi divulgado pela prefeitura de São Bernardo, foi flagrado na tarde desta terça-feira (01/09) trabalhando sem jaleco e máscara e, ao ser indagado, discutiu com pacientes. O profissional argumentou que testou negativo e que por isso poderia ficar sem máscara. O episódio aconteceu no Pronto Atendimento do bairro Taboão e foi registrado em vídeo por paciente e reproduzido pelo site Viva ABC. A administração informa que ele já foi afastado.
No vídeo o médico aparece de roupas pretas, um uniforme de trabalho ou qualquer equipamento de segurança. Ele tenta convencer as pessoas no saguão do PA que ele pode ficar sem máscara porque teste detectou IGG positivo, o que mostraria que ele teria anticorpos para o novo coronavírus, mas essa tese ainda não é unânime na classe médica. “Eu não estou usando, eu sei a explicação. Eu estou decidindo porque fiz o teste, estou negativo e com o IGG positivo e fiz a vacina”, disse o médico ao paciente que lhe perguntava porque não estava de máscara. Não há vacina no mundo aprovada para o uso em humanos para combater a covid-19. A expectativa mais otimista é que uma das que estão em teste no país só fique pronta em dezembro, segundo informou o governador João Doria (PSDB), em coletiva na última semana.
“Absurdo”, descreveu o presidente do Sindicato dos Médicos do ABC, José Roberto Cardoso Murisset, sobre a atitude do profissional do PA Taboão. “O secretário de Saúde Geraldo Reple Sobrinho precisa tomar ciência imediatamente. Ele é membro do Comitê Estadual de Contingências da covid. Este colega precisa ser afastado”, disse Murisset.
Para o dirigente do sindicato o profissional se equivoca quando adota de forma convicta uma situação que a comunidade médica não tem como certa, quanto a imunidade. “Mesmo que ele esteja com IGG positivo o que lhe ‘conferiria imunidade’ (há controvérsia se a imunidade seria total ou parcial e por até que período, talvez seja por apenas 6 meses), enfim, isso seria quando muito, do ponto de vista individual e o coletivo como fica? Ele pode ser um vetor”, analisou o médico e presidente do sindicato.
Em nota, a prefeitura de São Bernardo informou que o médico sem máscara é um funcionário terceirizado e que ele já foi afastado. Ele ainda deve sofrer consequências mais sérias e terá que responder aos órgãos de regulamentação da categoria. “A Prefeitura de São Bernardo, por meio da secretaria de Saúde, informa que não concorda com a conduta adotada pelo profissional e que vai notificar o Conselho Regional de Medicina sobre o ocorrido e encaminhar o médico para a Comissão de Ética pelo não cumprimento dos protocolos e das boas práticas da segurança de Saúde Pública e Vigilância Sanitária neste período de pandemia. O funcionário foi contratado por empresa terceirizada, responsável pelo quadro de funcionários do Pronto-Atendimento (PA) Taboão. A pedido da administração, o médico foi substituído”.