A indústria e toda a cadeia produtiva do ABC também sofrem com as consequências da pandemia do novo coronavírus, porém, especialistas aproveitam o momento de crise para pensar em soluções para o atual cenário. A Universidade Federal do ABC (UFABC) promove um novo congresso para debater as próximas ações. Em entrevista ao RDtv nesta quarta-feira (19/08), especialistas apontam o Poder Público como o principal ator para liderar um movimento de retomada com inovação para a região.
O debate ocorre em meio a decisão da Volkswagen em reduzir o número de trabalhadores em suas plantas no Brasil, inclusive a de São Bernardo, e após a decisão da Ford de encerrar suas atividades no mesmo município. Para a professora de Ciências Econômicas da UFABC, Anapatrícia Morales Vilha, o processo de crise ocorre há 10 anos, não só do setor automobilístico na região.
“Ainda temos o núcleo duro da indústria brasileira, mas precisamos reposicionar ou resignificar a nossa base competitiva e uma das saídas que encontramos nesse debate é a ampliação da capacidade e de gerar inovação”, explicou a especialista que considera que o papel para essa saída está na mãos de vários atores como as universidades, os sindicatos, mas principalmente do Poder Público, do Estado.
O mesmo caminho é apontado por Aroaldo da Silva, representante do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e vice-presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC. “Estamos rearticulando essa situação, até pensamos em realizar uma mudança de nome na Agência para ser de Desenvolvimento e de Inovação, mas também precisamos do Estado atuante nessa situação”, afirmou o sindicalista.
Uma das ideias do grupo é que diferente do que ocorreu no início da industrialização do ABC nas décadas de 1960 e 1970, que não haja apenas a criação de vantagens tributárias, mas que desta vez ocorra a transferência de tecnologia e a melhor formação de mão de obra, algo que não ocorreu até o momento e que culturalmente não é visto no Brasil.
E para isso, a necessidade dos polos estudantis como as universidades. “Não temos que pensar apenas em questões de curto prazo, também temos que pensar em longo prazo e para isso é necessário realizar pesquisas que apontem esses caminhos”, disse o vice-reitor da UFABC, Wagner Carvalho.
Apesar das ideias, ainda existe uma preocupação com os futuros dessas instituições educacionais devido a possibilidade de redução dos orçamentos para pesquisas e até mesmo para a manutenção dos espaços destinados aos universitários, algo que segundo os especialistas pode acarretar na redução da qualificação da mão de obra na região.