Sindicato ameaça ir à Justiça para retorno das aulas presenciais

A discussão acerca do cronograma sugerido pelo Governo do Estado sobre a volta das aulas presenciais – até então programada para acontecer a partir de 8 de setembro – parece não ter fim. Enquanto se discute, em âmbito estadual, se haverá ou não a retomada, o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieesp) ameaça ir à Justiça caso os sete prefeitos do ABC não decidam pela volta às aulas presenciais na região este ano.

Em entrevista ao RDtv, o presidente do Sindicato, Benjamin Ribeiro da Silva, explica que a decisão se deu após as cidades de Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra optarem pela volta da rede pública e privada somente a partir de 2021. “Por enquanto não tivemos nenhuma resposta concreta, só verbal, mas iremos cobrar uma resposta de todas as cidades”, diz. Diante disso, foi protocolado, nesta quinta-feira (13/8) requerimento sobre o posicionamento do Consórcio Intermunicipal do ABC diante da retomadas nas sete cidades.

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Com olhar voltado especialmente para as escolas particulares de educação infantil – com cerca de 150 mil alunos no ABC – Silva defende que a volta deve acontecer mediante a decisão exclusive dos pais. “Não é o Estado nem o município que tem que decidir isso, mas sim os pais. Com a retomada da economia, alguns não tem com quem deixar as crianças e recorrem à escola, mas como vamos atender com o serviço interrompido?”, questiona ao alertar, ainda, que a partir disso, podem surgir as creches clandestinas.

Já as escolas que conseguiram se manter abertas no período, o presidente do Sindicato garante que já estão se preparando para a retomada, com protocolos de segurança e higiene de acordo com determinações do Ministério da Saúde. “Quem conseguiu sobreviver, já se prepara para a retomada das aulas com todos os cuidados necessários. Agora, se a abertura não ocorrer, o cenário poderá piorar ainda mais”, diz ao lembrar que pelo menos 30% das escolas particulares do Brasil já anunciaram falência, o que representa 500 unidades de ensino.

Mantenedores pedem ajuda

Dentro do cenário de persistência do isolamento social, uma parcela de escolas particulares do ABC, inclusive as de tradição, já acendem alerta para o encerramento das atividades na região. Entre as principais motivações estão a retirada de matrículas, redução de receita ocasionada pela necessidade de conceder descontos por atrasos nas mensalidades e a inadimplência, que no período de pandemia chegou a quase 70%.

Para que isso não ocorra, os proprietários pedem socorro aos órgãos públicos, a fim de manter as atividades e conseguir pagar professores e colaboradores sem que haja demissões em massa. “O governo estava nos ajudando com parte do salário dos professores, mas isso vai acabar e sabemos que sem ajuda, não conseguiremos arcar com todas as folhas de pagamento”, diz a diretora do Colégio Poente do Sol, em Mauá, Juliana Sanchez.

Segundo ela, o projeto emergencial aprovado na Câmara dos Deputados para auxiliar os Estados e municípios com verbas de contenção da covid-19, não será suficiente até 2021. “Essa verba não será suficiente até o fim do ano, e sem isso ou outra estratégia, serão pelo menos 1,5 mil funcionários dispensados somente em Mauá”, alerta.

Para Juliana, o que agravou ainda mais o caso das escolas na cidade, foi o pronunciamento do prefeito Atila Jacomussi sobre o adiamento da retomada das aulas presenciais para 2021. “Isso fez com que muitos pais que precisavam da escola, tirassem as crianças, porque precisavam pagar agora uma pessoa para cuidar dos filhos dentro de casa. Estamos em um momento desesperador e precisamos de ajuda para ontem”, enfatiza.

Em Diadema, a situação do Centro Educacional Pequenos Campeões não é diferente. Segundo a diretora Sara Fontanez, a escola chegou a aplicar diversos descontos para manter os alunos na escola. “Conversamos com cada pai e cada mãe para tentar atingir o senso comum e não perder mais alunos, mas ainda assim, corremos o risco de fechar, de tantas matrículas que foram retiradas”, conta ao lembrar que outras escolas, com cinco anos ou mais também ameaçam encerrar as atividades na cidade. “Não temos culpa se a rede pública não está pronta. Nós estamos preparados e podemos atender a população”, completa.

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