O isolamento social fez com que o número de idosos diagnosticados com depressão aumentasse em comparação as demais faixas etárias. Segundo o psiquiatra da Rede D’Or São Luiz, Libano Abiatar, o crescimento chamou a atenção, uma vez que muitas pessoas apresentaram sofrimento psíquico, o que pode caracterizar um novo perfil de paciente.
Em entrevista ao RD, o médico explica que apesar dos jovens ainda estarem no topo dos diagnósticos, os idosos já estão entre as principais vítimas dos transtornos mentais. “Isso tem muita relação com o envelhecimento cerebral, o cérebro fica mais suscetível, e além disso o idoso tende a ficar mais restrito ao lar”, explica o médico.
O psiquiatra ressalta que o aumento de casos já era esperado no início da pandemia, por conta da falta de contato físico entre as pessoas, no entanto, no público geral, além do aumento de casos, houve agravamento. “Com algumas exceções, em geral as pessoas com transtornos permaneceram muito bem, mas outras desenvolveram muito sofrimento ao longo da quarentena”, diz.
Apesar disso, Abiatar disse que as pessoas devem se atentar aos quadros clínicos para saber diferenciar a tristeza de um diagnóstico de depressão. “É importante entender que os transtornos são multifatoriais, precisamos de uma combinação de fatores, carga genética, funcionamento cerebral e mental e fatores sociais. Entendemos que se a pessoa mantém a personalidade, não se trata de um transtorno mental, já quando provoca prejuízo em mais áreas da vida, podemos falar de uma doença mais severa”, diz.
Telemedicina
A pandemia trouxe benefícios para a área da saúde, como a telemedicina – que passou a ser permitida por conta do isolamento social – e que pode auxiliar no tratamento de idosos, apesar da maior procura ainda ser dos jovens, por conta da facilidade no acesso. “Os idosos preferem contato pessoal, mas muitas vezes os atendimentos ocorrem por vídeo, em que os filhos e netos nos procuram e fazem a ligação”, explica ao lembrar que a telemedicina na psiquiatria é um grande avanço.
Para o tratamento e diagnóstico da doença, Abiatar informa que a família é peça chave, pode observar a mudança de comportamento do paciente e ainda auxiliar no tratamento. “Na psiquiatria não fazemos quase nada sem a família, casos graves precisam disso e faz parte do tratamento. Então minha recomendação é que essa pessoa tenha familiares por perto, com aproximação afetiva”, completa.