Em meio a um cenário incerto na pandemia do novo coronavírus (covid-19), a retomada das aulas presenciais no ABC nas redes pública e privada está prevista para 8 de setembro, conforme projeta o Governo do Estado. Mas, a retomada das atividades preocupa os professores, que alegam falta de segurança e participação na decisões para a retomada dos trabalhos, o que pode levar a uma possível mobilização contra o retorno presencial.
É o que diz a presidente do Sindicato dos Professores de Santo André, São Bernardo e São Caetano, Edilene Arjoni, em entrevista ao RDtv. Apesar das tratativas avançadas, Edilene conta que os professores sequer foram contatados para falar sobre o retorno presencial. “A conversa discutida dentro do Plano São Paulo é que o retorno aconteça em formato de rodízio, com um percentual de alunos por dia e uma vez por semana. Mas e os professores? vão para a escola todos os dias sem qualquer tipo de proteção”, questiona.
Ainda que sem a estrutura e aparelhagem fornecida pelo Estado para todos os professores ao longo da quarentena, a presidente do Sindicato conta que os docentes se adequaram para manter o calendário acadêmico e repassar conteúdos e atividades a todos os alunos. “Mesmo sem suporte para a totalidade, os professores se adequaram para que não houvesse defasagem no ensino. Se vem dando certo, podemos manter o formato de aulas remotas até que se tenha uma proteção contra a doença”, defende.
Segundo a presidente da categoria, sem decisão conjunta do Estado com os professores, uma mobilização deve travar a volta às aulas no formato presencial. “Os professores não foram incluídos na discussão, sendo que eles serão os mais atingidos com a retomada. Se não nos ouvirem, vamos sim nos mobilizar contra a volta às aulas até que se tenha segurança garantida para os professores, uma vez que a curva com casos positivados da doença não diminuiu”, afirma.
Dentro das estratégias de retomada para o formato presencial, o cuidado e proteção dos alunos também foi questão levantada e que preocupa os professores. “É ilusão achar que se colocar 20 a 30% dos alunos na escola evitará a disseminação da doença. Principalmente as crianças, como vamos garantir que elas terão disciplina com a máscara e vão manter o distanciamento social?”, questiona ao lembrar que a maioria dos pais apoiam os professores na decisão de não retomada para o formato presencial.
A mãe de uma estudante da rede privada de Ribeirão Pires, Gisele Fonseca, afirma que não levará sua filha à escola até que a situação se normalize. “Não vou expor minha filha sendo que ela pode receber o conteúdo de casa. Seja o que for definido, já escolhi: vou manter ela em casa até que se tenha uma vacina ou garantia de 100% que ela não será infectada”, diz. Outra parcela de pais também optou por deixar os filhos em casa até que se tenha uma vacina eficaz contra o novo coronavírus.