Os Caps (centros de atenção psicossocial) tiveram que se adaptar à nova realidade para continuar os atendimentos durante a pandemia da covid-19. Somente em Diadema, os centros acolheram mais 462 novos pacientes durante os meses de isolamento social, de março a junho.
A cidade conta com endereços, com 11.824 prontuários abertos. Entre as articulações para continuar os atendimentos presenciais, Diadema reorganizou os centros para reduzir a circulação social, além de plantões de atendimento e as unidades abertas para novos pacientes.
Em Santo André, os tratamentos continuaram normalmente, seguindo os protocolos de cuidado em Saúde Mental na pandemia. Além disso, a cidade ainda conta com atendimentos pontuais online, para pacientes que tem necessidade de avaliação, que são feitas sob monitoramento por Skype ou WhatsApp.
Apesar disso, o número de atendimentos na cidade teve queda de 76,35% em relação aos atendimentos de março e abril de 2020, que contam com 449 no individual e 1.843 nos atendimentos coletivos, e no mesmo período de 2019, os registros foram de 3.092 atendimentos individuais e 6.601 coletivos. Mas a Prefeitura esclarece que todos os munícipes que apresentaram qualquer questão relacionada a Saúde Mental foram acolhidos.
Já em Ribeirão Pires, a cidade acolheu mais 183 pacientes entre abril e junho e continuou os acompanhamentos com o tele atendimento, que possibilitou as avaliações tanto individuais quanto em grupo, além das oficinas realizadas pelos Centros. O acompanhamento terapêutico multiprofissional também continuou a partir de contato telefônico semanal ou quinzenal, de acordo com a gravidade de cada caso.
Para a psicóloga Anne Senna, que atua no Hospital Brasil, em Santo André, os Centro de Atenção Psicossocial é uma alternativa para apoiar quem precisa e não tem condições financeiras para manter as consultas “O Caps é uma excelente rede de apoio para os indivíduos que precisam de escuta, desenvoltura, assistência e ter uma troca humana real. É também alternativa para aqueles que não tem como bancar o tratamento e necessitam da assistência”, explica Anne, que considera o adoecimento psicológico eminente somado a pandemia e isolamento social.
A profissional também cita opções para os familiares cuidarem em casa da saúde mental de parentes que fazem acompanhamento psicológico, mas também reforça a importância do tratamento e consultas regulares “Os familiares podem auxiliar o paciente nas tarefas diárias como cuidado com plantas, animais, insistir e instigar o ente querido a descobrir novas receitas e reproduzi-las. Mas o ideal é sempre fazer acompanhamento com um profissional a cada uma semana”, orienta Anne ao dizer que essas dicas são voltadas também aos idosos e que a motivação pode ser feita a distância.
O psiquiatra Líbano Abiatar Csernik Monteiro volta a atenção para validade das receitas dos pacientes com doenças mentais e orienta a frequência que as mesmas devem ser substituídas. “As reavaliações psiquiátricas variam de acordo com a situação de cada pessoa é comum que no início do tratamento as consultas sejam mais próximas umas das outras, para realizar os devidos ajustes. O Conselho Federal de Medicina recomenda que o espaçamento entre consultas não seja superior a 4 meses”, destaca Abitar.
O médico ainda salienta a importância da medicação e o mal que a falta dela pode fazer ao paciente. “O indivíduo que segue uma rotina de medicação devido a transtornos mentais, quando pausa por algum motivo sem a orientação médica pode ter descompensações, recaídas, recorrências e no futuro o quadro pode se tornar mais grave e de difícil tratamento. A solução para evitar agravamento é o tratamento regular”, indica. (Colaboraram Fernando Scerveninas e Nathalie Oliveira)