Com a pandemia do novo coronavírus (covid-19), a situação do estoque dos bancos de sangue da região foi agravada, com queda de 20% na arrecadação. Para se ter ideia, até o ano passado, a média mensal de pessoas que buscavam os hemocentros girava em torno de 7 mil doadores, enquanto este ano, o número caiu para 5.600. Com isso, o estoque chega a nível baixo para praticamente todos os tipos sanguíneos, com fator RH negativo e positivo.
A média de coleta diária do Hospital Mário Covas, em Santo André, e do Hemocentro de São Bernardo, é de 80 bolsas. Em meio a pandemia, os postos não chegam a receber nem 50 doações, segundo o Colsan (Associação Beneficente de Coleta de Sangue), órgão responsável por pontos de coleta também em São Bernardo e São Caetano.
As informações repassadas pelo hemocentro é que de janeiro a julho de 2019 foram coletados cerca de 18 mil bolsas de sangue, enquanto no mesmo período de 2020, foram somente 15 mil. Todos os tipos de sangue estão em menor volume no estoque, com atenção especial para o RH positivo e todos os RH negativos (A, B, AB e O).
Para piorar a situação, no início da pandemia, em meados de março, um dos pontos de coleta de Santo André, unidade localizada no Centro Hospitalar Municipal (CHM), suspendeu as atividades temporariamente por não ter entrada exclusiva para fazer a coleta de sangue. Apesar disso, quem quiser doar, pode buscar o segundo ponto de doação: o Hospital Estadual Mário Covas, cuja entrada para doação não é a mesma do pronto-socorro.
Em São Bernardo, de janeiro a julho do ano passado foram coletados aproximadamente 11.800 bolsas, enquanto no mesmo período deste ano foram recolhidas 9.980 bolsas, queda de 17% na arrecadação. Já em São Caetano, nos primeiros sete meses de 2019 foram coletados aproximadamente 4.900 bolsas de sangue, enquanto este ano foram coletadas em média 4 mil bolsas, redução média de 15%.
Para a gerente administrativa da regional do ABC da Colsan, Solange Rios, o número não deve sair de declínio se não houver um trabalho reforçado, uma vez que o medo de contrair a doença ainda assusta a população. “Tivemos uma média de 15% a 20% de queda nas arrecadações, número muito baixo e que pede esforço redobrado com as campanhas de doação. Apesar de reforçarmos o esquema de higiene e prevenção, ainda se tem o receio para a triagem e coleta”, conta.
O que tem mantido o pouco das arrecadações são as campanhas com entidades, igrejas e firmas regionais, conforme explica a gerente. “No momento estamos conseguindo mais doações com esses doadores e com familiares de pacientes internados na região do que com outros doadores em si. Temos feito um trabalho de formiguinha, que tem ajudado bastante a manter o abastecimento”, completa.
Solange explica que dentro dos critérios de prevenção contra o coronavírus, o Colsan passou a seguir todos os protocolos do Ministério da Saúde com distanciamento social, disponibilidade de álcool em gel, além de higienizar o local a cada troca de doador. Para quem deseja se prevenir ainda mais, pode agendar as doações por meio do aplicativo da Colsan.
Quem pode doar?
Podem doar sangue pessoas em boas condições de saúde entre 16 e 69 anos e que pesem mais de 50 quilos. Para fazer a doação é necessário comparecer ao ponto de coleta munido de documento original com foto e há recomendação para evitar alimentos gordurosos nas quatro horas que antecedem a doação.
Devido a pandemia, o Ministério da Saúde incluiu alguns critérios de triagem, entre eles o doador proveniente de regiões com transmissão local, fica inapto para doar por 30 dias após o retorno destes locais. O mesmo período deve ser aguardado por candidatos que tiverem contato com pacientes suspeitos ou diagnosticados com Covid-19.
Quem testou positivo para a doença deve aguardar 90 dias após recuperação clínica completa. Para consultar todos os postos, acesse http://www.colsan.org.br/site/doador/locais-para-doacao-de-sangue.html.