Desde o início do isolamento social em decorrência do novo coronavírus, a educação – em seus diversos graus e setores – se reinventou, tendo agora como sua nova aliada a tecnologia. O que parecia ser uma tarefa quase que impossível em muitas escolas se tornou comum nas telas de smartphone e computadores. Especialmente na educação inclusiva, cerca de 86% dos alunos da rede municipal de Santo André aderiram ao digital e aprovaram o método de ensino. É o que diz as especialistas em educação, em entrevista ao RDtv.
A gerente de Educação Inclusiva no município, Sandramara Gerbelli, diz que embora não haja receita correta para lidar com a pandemia, o ineditismo e o desafio proposto resultou em transformações importantes nas escolas. “Mesmo com esse novo desafio, mantemos a prestação de serviço para mais de 5 mil alunos, desde creche até a educação de jovens e adultos (EJA), e percebemos que vem dando resultado positivo”, conta.
Especialmente na educação inclusiva, a readequação para o home office ganhou, ainda, forte participação dos pais, que agora podem acompanhar e participar de perto a aprendizagem dos filhos. “Agora os pais conseguem ver de perto o desenvolvimento e as dificuldades dos filhos para ajudar não só no processo de aprendizagem, mas a repassar as dificuldades que as crianças enfrentam, o que no presencial não ocorria com muita frequência”, explica.
Mãe de aluno, Luciana Cristina de Salles relata que a princípio, o esquema de home office foi desafiador, principalmente no caso de seu filho, que tem hiperatividade e enfrenta dificuldades para ficar em casa o dia todo. “Não tínhamos esse hábito de ficar em casa o dia inteiro, mas com as atividades propostas pela escola e o atendimento individual, venho percebendo que o desenvolvimento dele vem melhorando e, melhor ainda, posso acompanhar isso de perto”, diz.
Quem não tem acesso à smartphones ou computadores para atendimentos síncronos via redes sociais, pode receber as orientações e atividades diretamente nas unidades de ensino, que não interromperam os atendimentos. “Não deixamos de atender na escola, as atividades continuam ainda que com uma equipe um pouco mais reduzida, especialmente para atender as crianças que não tem acesso ao meio digital”, explica Sandramara.
Já os alunos que mantém as aulas online, além de receber as atividades pedagógicas contam, ainda, com atendimento via videochamada individualizado. “No presencial tínhamos a convivência em grupo, mas agora estamos atendendo as famílias individualmente, de acordo com as necessidades e características específicas”, explica a psicóloga da rede municipal, Adriana Nabarrete. Em reuniões semanais são definidas também as estratégias de ensino a serem trabalhadas conforme as questões emocionais e sociais das crianças.
Assim como as aulas, as formações e reuniões pedagógicas seguem em esquema digital, o que deve continuar até mesmo depois da pandemia. “Já fizemos formações de mais de 10 mil professores, o que no presencial não aconteceria, porque não damos conta da demanda. Então algumas questões devem continuar até mesmo depois da pandemia, mas que serão estudadas e conversadas para melhor adesão”, afirma Sandramara.