Na linha de frente do combate ao novo coronavírus (covid-19), os profissionais da saúde estão entre os mais afetados pela pandemia. Segundo dados das prefeituras, já foram coletados e analisados mais de 15,8 mil testes desses agentes, desde o início da pandemia (em meados de março), dos quais quase dois mil casos deram positivo entre cinco, das sete cidades do ABC.
A maioria das confirmações se concentra em São Bernardo, município que testou 10.591 funcionários da rede de Saúde, incluindo terceiros, como profissionais de limpeza, segurança e manutenção. Do total, 925 testaram positivo e 42 permanecem afastados da prefeitura, sendo que um permanece internado e dois vieram a óbito. Em Mauá, 789 profissionais da saúde foram infectados. A cidade conta com 4.180 trabalhadores na rede pública de saúde que participaram da testagem, além dos 350 demais funcionários ligados à Prefeitura que também fizeram o exame.
Diadema também concentra alto número de servidores afastados pela covid-19. Até 9 de julho, 547 servidores foram isolados por pelo menos 14 dias para tratar da doença, sendo: 323 suspeitos e 224 confirmações. Outros 411 profissionais de um total de 547 retornaram do afastamento, enquanto outros 136 permanecem afastados. Em Ribeirão Pires, dos 1.003 trabalhadores no SUS (Sistema Único de Saúde), 840 realizaram testagem para covid-19 (teste rápido), sendo 14 positivos e 826 negativos. Outros 194 funcionários da Prefeitura já foram testados, dos quais 8 tiveram resultado positivo e também foram afastados.
Em Rio Grande da Serra, dos 237 funcionários ativos, 10 foram positivados para o coronavírus e foram afastados imediatamente de suas funções. Santo André e São Caetano não informaram o número de profissionais testados e infectados até o fechamento da reportagem.
Em todas as cidades são oferecidos testes de RT-PCR e sorológico, com aplicação a depender dos sintomas, conforme orientação médica. No entanto, de acordo com o pneumologista sênior do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e professor titular de pneumologia da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Elie Fiss, nem todos os profissionais são testados com as duas testagens, o que é um erro.
Em entrevista ao RD, o médico explica a necessidade do teste duplo e periódico nos profissionais que atuam na linha de frente para saber se há ou não a presença do vírus.”Temos as duas testagens disponíveis na rede pública/particular, a PCR e sorologia, então não há porque não testa-los, tento em vista que estão se arriscando na linha de frente para proteger a população”, afirma ao lembrar que o exame de sorologia, mais comum de ser executado, não traz 100% de eficácia para quem o executa.
Segundo Fiss, pelo menos mais da metade da classe médica ainda não fez a testagem para o novo coronavírus, justificado principalmente pela falta de oferta dos hospitais públicos e particulares. “Embora eles tenham a testagem em estoque, são poucos os que de fato fizeram o exame. Tanto na rede particular quanto na pública, essa testagem ainda é muito superficial e embora já tenha melhorado bastante do que era, ainda tem muito espaço para melhorar”, enfatiza.
Quem procura o exame RT-PCR – que indica a presença do novo coronavírus de forma mais eficaz – na rede particular, pode gastar em média de R$ 200 a R$ 300.