O isolamento social fez com que diversas necessidades das cidades ficassem mais evidentes, a ponto de especialistas começarem a discutir sobre a descentralização dos centros urbanos e revitalização dos bairros para melhorar a qualidade de vida da população e o acesso a comércios e pequenas empresas. É o que diz Renata Marè, coordenadora e docente de pesquisa em IoT e cidades inteligentes do Instituto Mauá de Tecnologia, que em entrevista ao RDtv, falou sobre os benefícios da descentralização. “Além do crescimento da microeconomia, levanta a cidade e distribui a riqueza. Para que isso aconteça deve ter uma integração entre as cidades e regiões”, explica.
Além da melhoria na qualidade de vida das pessoas, Renata destaca que a visão integrada auxilia nas particularidades de cada bairro, já que as regiões tendem a ter características específicas, mas o poder público deve atuas com a legislação de forma a fortalecer startups e apoiar as microempresas com regulamentação.
Durante a pandemia, a docente em pesquisa diz que já é possível observar a forma com que as regiões mudam por conta do deslocamento das pessoas. “A gente vem observando isso, o transito diminuiu bastante, existe outro impacto paralelo que e o faturamento das empresas de transportes públicos. O fato das pessoas se deslocarem menos ajuda e muito”, salienta.
No Brasil, a coordenadora acredita que os exemplos de cidades descentralizadas serão maiores após a pandemia, mas já é possível destacar exemplos no mundo, em locais como Londres, Paris e Itália, que contam com distritos e bairros em que as pessoas não precisam se deslocar para trabalhar ou para ir até o comércio.
Ainda que o tema já esteja em pauta, Renata informa que os governantes devem atuar em parceria com empresas de telecomunicações para disponibilizar internet, telefone e até televisão em locais onde os moradores ainda não tem acesso ao tipo de comunicação, o que dificulta na descentralização.
“Os investimentos da microeconomia são muito mais humanos do que financeiros. Da tecnologia são as telecomunicações, as pessoas precisam ter esse acesso. Temos oportunidade gigantesca, no cenário político quem ficar de olho nessas tendências vai se dar bem, já que temos em mãos matéria fértil para trabalhar numa próxima gestão, se souberem aproveitar”, conclui.