O governo do Estado anunciou volta às aulas – com apenas 20% dos alunos presencialmente nas escolas – a partir de setembro. Apesar disso, a medida causa receio para muitos pais e responsáveis, que alegam a falta de imunização eficaz para evitar a propagação do novo coronavírus. Apesar da determinação, a conselheira do CNE (Conselho Nacional de Educação), Maria Helena Guimarães, sugere que os pais que não se sentirem seguros, conversem com as escolas para ampliar a oferta de ensino a distância para uma parcela de alunos, com objetivo de não prejudicar a aprendizagem.
Em entrevista exclusiva ao RDtv, a conselheira explica que diante de um ano atípico, que pegou todos de surpresa, a medida se faz necessária. “Cada sistema educacional planeja o seu retorno, mas entendemos que há alguns pais que não se sentem seguros em enviar a criança para a escola enquanto não houver uma vacina eficaz”, diz ao lembrar que nestes casos, diálogos individuais para readequação de aulas e atividades se faz imprescindível.
A recomendação da conselheira é que antes mesmo da retomada gradual, os pais entrem em contato com a coordenação das escolas para esclarecer dúvidas e, se necessário, discutir o melhor formato para a continuação das aulas a distância, sejam elas por meio de videoaulas, atividades impressas ou outro modal. “A escola precisa estar a par da situação, entender as dificuldades e demandas individuais dos alunos para que não haja qualquer tipo de defasagem, ainda que ele não esteja pronto para voltar e continue no ensino a distância”, reforça.
Para a retomada consciente, Maria Helena destaca que, de antemão as escolas precisam se preparar conforme os protocolos sanitários, além de fornecer profissionais habilitados para acolhimento socioemocional. “Primeiro se faz necessário que os professores avaliem como será a volta desses alunos de forma individual para, somente após isso, declarar se estão ou não aptos para dar continuidade nas competências do plano pedagógico”, afirma.
Uma das pautas do CNE, que segue em discussão no sistema educacional, é justamente sobre a retomada das disciplinas e flexibilização do calendário acadêmico. “Entendemos que antes de iniciar novos conteúdos, os professores precisam recuperar os conteúdos que deixaram de ser cumpridos em sala de aula para, após isso, aplicar novos assuntos, estes que devem ser já da grade curricular de 2021”, conta.
O período de isolamento social ao qual os alunos permaneceram em esquema de educação híbrida, não se trata de um ano perdido, , uma vez que as escolas não se desvincularam dos estudantes, defende a conselheira. “Sentimos que o Estado de São Paulo se destacou não só no seguimento das aulas a distância mas também no vínculo de escolas e alunos. Apesar das dificuldades, os alunos não foram esquecidos, todos se saíram muito bem e não deixou de ser um período produtivo”, avalia.
Plano São Paulo
No planejamento do governo do Estado para a retomada consciente das escolas, a proposta é que as aulas sejam retomadas em fases combinadas. A princípio 20% dos alunos, 50% em um segundo momento e na fase final com 100% dos estudantes, em um período a se definir conforme a onda de novos casos do novo coronavírus.
Mesmo após o retorno de todos os alunos, a proposta é que o ensino permaneça de maneira híbrida, ou seja, os alunos ficarão nas escolas uma parte do período do ano letivo e posteriormente vão acompanhar aulas remotamente. “Não tem como voltarmos com todos os alunos de uma só vez, por isso esse trabalho em fases, com cautela, que garante aprendizagem para todos os alunos”, explica Maria Helena.
Com a pandemia, as aulas das escolas estaduais são transmitidas por meio do aplicativo Centro de Mídias SP (CMSP) e dos canais digitais 2.2 – TV Univesp e 2.3 – TV Educação. No entanto, muitos pais reclamam da dificuldade de acessar as plataformas digitais, uma vez que não possuem acesso À internet e celular, por exemplo. “Este é outro assunto que está em discussão, a respeito da liberação gratuita de internet, e que deve ser pauta nos próximos dias”, destaca. No ABC ainda não há planejamento concreto sobre o assunto.