No dia 7 de julho muitas empresas não conseguiram pagar a primeira parcela do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo e Serviço) que foi diferido e fracionado pelo governo federal em razão da crise do coronavírus. Lento e ineficiente, o sistema da Caixa não previu o afunilamento e não emitiu a guia para recolher o imposto. Agora, quem não efetuou o pagamento terá de pagar a obrigação com multa e juros, embora não perca o parcelamento.Essa é somente mais uma das agruras que as empresas têm passado na pandemia, segundo o Sindicato dos Contabilistas de Santo André. O pior, relata, é não enxergar o horizonte com os clientes, agora descapitalizados.
Glauco Pinheiro da Cruz, diretor do sindicato, que possui cerca de três mil clientes, todos pessoa física, afirma que o maior desafio da categoria tem sido o medo do que vai acontecer com as empresas abertas e o que fazer com os funcionários, pois reduziram de tamanho. Em que condições vão conseguir trabalhar e qual nível de faturamento para se adequar. “São muitas dúvidas sem respostas”, diz Cruz, também diretor do Grupo Candinho.
Durante entrevista ao canal RDtv, o dirigente conta que o faturamento das empresas apresentou uma queda de 70% no faturamento e aquelas que retomaram as atividades por faseamento têm obtido somente a metade do resultado financeiro registrado antes da pandemia. Além disso, as demissões aumentaram de 15% a 20%. Um dos setores mais impactados é o de restaurantes, principalmente aqueles que não atuavam com delivery.
Dificuldade de crédito
Sem dinheiro para pagar os funcionários, diz Glauco Pinheiro da Cruz, as empresas também não conseguem acesso às linhas de crédito emergenciais do governo, disponibilizadas pelo Programa de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), porque o pedido está sempre em análise e nunca chega a resposta. “Quase 90% dos nossos clientes tentam o Pronampe, mas somente duas empresas tiveram êxito”, conta ao criticar que os bancos particulares tentam dificultar o processo para oferecer empréstimo próprio.
O sindicalista acredita que a falência de empresas vai ser ainda mais visível após a retomada da economia. “A tendência é que, conforme os negócios tentam reabrir, seja registrado um maior número de fechamentos, pois muitos não sabem o que fazer com a queda do faturamento”, diz.
Sobre a atuação do sindicato, Cruz conta que tem direcionado orientações para os três mil profissionais vinculados à base. “Temos dado suporte e auxílio para os nossos clientes. Eles precisam se reinventar, planejar, recorrer a bancos particulares com juros baixos, adivinhar o futuro e tentar passar um dia de cada vez”, completa. (Colaborou Ingrid Santos)