O isolamento social ocasionado pela pandemia do novo coronavírus (covid-19) levou à interrupção de diversos serviços de atendimento presencial, como os cartórios que, na readequação para o digital, perderam 70% do movimento habitual na região. É o que avalia Andrey Guimarães Duarte, titular do 4º Tabelionato de Notas de São Bernardo e vice-presidente do Colégio Notarial do Brasil – Seção São Paulo.
Em entrevista ao RDtv, Duarte conta que, apesar da adequação para o digital, que possibilitou a inclusão de novos serviços, não foram todos que se acostumaram rapidamente com o serviço. “Apesar de mantermos o atendimento, recebemos muitas críticas e percebemos uma queda significativa no movimento. Somente em São Bernardo atendíamos 600 pessoas/dia, e percebemos que o número caiu e bastante, talvez por falta de adequação”, analisa.
Entre as novidades no atendimento online estão os serviços de divórcios, escrituras de compra e venda de imóveis, além de atividades de lavratura de documentos à distância. “Todos esses serviços podem ser formalizados agora pelos tabelionatos que estão espalhados por todo Brasil por meio de serviços via videoconferência”, diz ao lembrar que alguns serviços, como assinatura de documentos, devem permanecer até mesmo depois da pandemia.
O recente provimento nº 100 publicado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) permite ainda aos cartórios realizarem por videoconferência a autenticações de documentos, reconhecimentos de firmas, procurações públicas, como as de fins previdenciários para recebimento de pensão do INSS, atas notariais, testamentos e todos os outros atos realizados nos cartórios de notas. A norma abrange todos os imóveis e cidadãos localizados no País e não está restrita ao período da pandemia.
Guilherme Botta Tabach, tabelião no cartório de Ribeirão Pires, enxerga o atendimento online como adicional que veio para ficar no cenário de pós-pandemia. “É uma revolução no sistema notarial que coloca os cartórios brasileiros no futuro e que deve permanecer mesmo depois da pandemia”, avalia. Segundo o tabelião, o atendimento online trouxe, ainda, maior segurança e desburocratização para a população na hora do atendimento.
Algumas demandas são atendidas na hora, caso das procurações, enquanto outras podem chegar a durar cinco dias de espera, a exemplo das lavraturas e escrituras públicas. “A conferência dos documentos é feita por vídeo-chamada para facilitar a rapidez do atendimento e comprovar de forma mais eficaz as informações, mas outros serviços podem demorar um pouco mais, devido a autenticidade, verificação e emissão de documentos”, completa. (Colaborou Nathalie Oliveira)