A pandemia do novo coronavírus (covid-19) colocou em evidência uma série de problemas de infraestrutura e de ações no Brasil, entre elas, a falta de uma organização entre os municípios e o Governo do Estado para soluções aconteçam de maneira mais rápida. Ao RDtv nesta segunda-feira (29), o gestor do curso de Arquitetura e Urbanismo da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Enio Moro Junior, relatou os principais problemas nas medidas realizadas pelos entes públicos e sobre a necessidade de criação de uma autoridade metropolitana para organizar tal cenário.
Autor de uma das notas técnicas da 12ª Carta de Conjuntura da USCS (Conjuscs) sobre o confinamento, habitação e mobilidade urbana no ABC, o pesquisador apontou quatro elementos que seriam necessários para um real sucesso nas medidas de combate ao covid-19: lockdown (isolamento total); valorização do comércio de bairro; tecnologia; e um arranjo metropolitano.
O “arranjo” citado por Enio seria criação de uma organização que pudesse gerenciar alguns setores do Poder Pública de maneira conjunta como acontece no setor de transportes em Piemonte (Itália), região que tem como capital a cidade de Turim e que conta com uma autoridade metropolitana de transportes.
Ou como o caso de Medellín (Colômbia) que conta com o IPC (Instituto Popular de Capacitación) que visa organizar os mais diversos investimentos em saneamento básico ou infraestrutura. “Chegamos a ter um avanço aqui em São Paulo durante a gestão do Geraldo Alckmin, mas depois ficou tudo parado. Um órgão que poderia organizar isso era a Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano), mas que deixou de existir no começo do governo João Doria. Funcionava com certos problemas, mas poderia ser utilizada para esse tipo de organização metropolitana”, explicou o professor.
O arquiteto e urbanista celebrou também o retorno de uma maior união do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, mas considera que a entidade poderia ser melhor aproveitada no sentido de emplacar compras conjuntas de alguns itens para ter um custo menor para os cofres públicos.
Tecnologia
Enio Moro Junior também chamou a atenção para o fato do pouco uso da tecnologia para a organização de dados e o mapeamento do caminho tomado pelo coronavírus, principalmente nas áreas de maior vulnerabilidade. O professor lembrou sobre as ações feitas em Wuhan (China), epicentro do coronavírus no mundo, e que se utilizou de aplicativos e outros artifícios tecnológicos para evitar um avanço ainda maior da pandemia.
Um dos exemplos falados por Moro foi a do aplicativo Colab, utilizado pela Prefeitura de Recife (PE) que permite com que os moradores possam apontar os problemas da cidade com fotos e também participar diretamente de decisões do município, assim ampliando o conceito de uma gestão próxima da população.
Coronavírus
Sobre o coronavírus, Enio Moro Junior considera que se perdeu tempo em decretar o lockdown no Estado e com isso tentar uma maior campanha de valorização do comércio local, assim evitando grandes deslocamentos para compras nos supermercados maiores nas regiões centrais, fato que considera como primordial para uma maior colaboração nas medidas de isolamento social pedidas pelos prefeitos e o governador.