Os deputados federais estão recebendo muita pressão de prefeitos e pré-candidatos para o adiamento das eleições municipais do dia 4 de outubro para o dia 15 de novembro. Depois da aprovação pelo Senado, a Câmara tem o compromisso de fechar essa questão até quarta-feira (01/07). A mudança de data, 42 dias mais para a frente, também mexe com a desincompatibilização de cargos, e a justificativa dos chefes de Executivos municipais é que precisam de tempo para tomar providências no combate à covid-19. Também terão mais tempo para entregar obras. No momento não há votos suficientes para a provação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que altera as datas, os deputados federais Alex Manente (Cidadania) e Baleia Rossi (MDB) participaram do RDTv deste sábado (27) e comentaram a situação.
Para Alex Manente, a simples mudança de data jogando o pleito 42 dias mais para a frente não vai trazer maior segurança para o eleitor quanto aos riscos de contaminação na saída para votar. Para o parlamentar que tem base no ABC, o que poderia fazer desta uma eleição mais segura seria a mudança de metodologia da votação que já é proposta pelo TSE e não precisa de votação no Legislativo. “O que tenho ouvido é que deixando para novembro teremos maior segurança o que eu discordo pois não é prorrogando 40 dias que nós vamos ter a segurança de que a pandemia passará, ao contrário, na minha opinião a pandemia só será algo eliminado no momento em que nós tivermos uma vacina, de fato uma cura. Não é a mudança de data que vai dar segurança. O que pode mudar é a metodologia da eleição, ampliando para dois dias, fazer votações com horários específicos para as zonas especiais e não fazer grandes concentrações nas escolas”, opinou.
Segundo Manente o seu partido já fechou a questão em apoio a proposta de postergar a data do pleito, mas ele quer que o debate seja ampliado. Apesar da posição do Cidadania, a Câmara não tem ainda uma maioria suficiente, 308 votos, para aprovar. “Vamos definir até o final do mês, essa semana esgotar a discussão. Hoje nenhuma proposta de mudança tem os votos necessários para aprovar uma PEC, consequentemente nada será aprovado e ficará da maneira como está. Mesmo nos partidos que definiram uma posição, isso não é unânime dentro de sua bancada. Então, é um assunto que precisa de convergência para chegarmos ao maior entendimento”, analisa.
O deputado federal e presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, está otimista de que os votos que faltam serão conquistados neste final de semana e início da próxima. “Hoje não temos 308 votos para mudar, mas temos muito mais do que tínhamos no sábado passado, já temos maioria, mas talvez não o suficiente. O presidente Rodrigo Maia irá pautar esse assunto para quarta-feira para votar os dois turnos e na quinta pode ser promulgada a PEC para que o prazo de desincompatibilização, que seria no dia 4 de julho, fica adiado para 15 de agosto. Com essas conversas e o amadurecimento com os líderes e presidentes de partidos eu acredito que vamos conseguir os 308 para adiar a eleição”, prevê.
Para Manente os deputados, apesar de sofrerem muita pressão de colegas de partido, prefeitos e pré-candidatos a vereador, não podem abrir mão de uma decisão técnica. “Obviamente a visão dos prefeitos não é apenas eleitoral, estão preocupados em passar o processo rapidamente para cuidar da pandemia, mas a abordagem (que os deputados sofrem) não pode alterar a definição pois eles têm que tomar a decisão técnica do que é melhor, por mais pressão e apoio que recebeu do prefeito”, conclui.
Baleia Rossi também chamou a atenção para a possibilidade dos prefeitos se manterem mais tempo à frente das prefeituras, no momento de prestar contas sobre as ações contra a covid-19 e entregar obras. “Todos os prazos vão para frente, exceto os que já ficaram para trás. Os prefeitos sairiam 40 dias depois e isso faz diferença. Funcionários públicos que vão se afastar para concorrer, em uma cidade pequena isso faz muita diferença. Tem cidade que se 40 servidores se afastarem vai ser um grande problema. Além disso os prefeitos ainda terão mais 40 dias para inaugurar obras”, explica.
O presidente nacional do MDB, lembrou ainda do afastamento dos apresentadores de rádio e televisão, que devem deixar as aparições na mídia até segunda-feira, ou ficarão impedidos de concorrer. Ele destacou esse ponto em especial porque um dos trunfos da legenda é empacar o apresentador José Luiz Datena para prefeito ou vice, na Capital paulista. “Hoje o Datena tem uma força e credibilidade muito grande; é um comunicador bem resolvido, pai de família, um cara super do bem e estamos precisando de gente assim para política”, finalizou.