Protesto, música, conscientização e respeito. Essas quatro palavras darão a base da Parada Estadual LGBTQIA+ que acontecerá no próximo domingo (28). Ao invés das ruas, o local das 12 horas de programação será a internet. Em entrevista ao RDtv nesta sexta-feira (26), os organizadores do evento falaram sobre como a comunidade está lidando com o novo coronavírus a falta de políticas públicas sobre este assunto.
Valter Corrêa Júnior, conhecido como Chiclette, presidente da Associação da Parada do Orgulho LBT Litoral Paulista explicou que a ideia desde o início era realizar algo que fosse forte, porém, com o covid-19 houve uma mudança de planos. “Não é possível fazer a Parda Estadual nas ruas, mas vamos fazer na internet e vamos fortalecer as cidades do interior, do litoral aonde em muitos desses municípios as políticas públicas para a diversidade não chegam”.
Entre as mais de 20 entidades que participam da organização do evento que acontecerá entre às 13h e às 23h está a ONG ABCD’s comandada por Marcelo Gil. Militante pela diversidade há 17 anos reclama sobre a visão do poder público diante de sua comunidade. “Nós não temos uma política pública que favoreça essa população. Nós só temos a Capital com uma política púbica reconhecida”.
Em tempos de pandemia, os mais diversos campos de trabalho da comunidade LGBTQIA+ reduziram sua atuação, algo que também será debatido nos canais de exibição da Parada (youtube.com/paradaestadualsp e facebook.com/ongabcds). Tanto Marcelo quanto Chiclette relataram que apesar do movimento de solidariedade de dentro desta população, ainda existem uma série de problemas na área econômica que acabam fazendo com que estes trabalhadores tenham dificuldades de manter suas contas em dia.
Os organizadores consideram que o Governo do Estado precisaria de uma política econômica para auxiliar casas noturnas que contam com apresentações artísticas da comunidade e que geram os mais diversos empregos como na área gastronômica, de segurança e de limpeza. Existe uma real preocupação com o destino destes estabelecimentos enquanto durar as medidas de quarentena.
Outro ponto que será tratado é a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que permite que homossexuais possam doar sangue, algo que até o momento não foi ratificado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), responsável por dar ou não essa autorização. “Essa foi uma boa notícia, a questão é que a Anvisa segue com um posicionamento homofóbico, transfóbico e isso não podemos tolerar. Muitos homossexuais querem e podem doar”, disse Marcelo Gil.