Os problemas de conexão com a internet, durante a pandemia da covid-19, com as pessoas mais em casa, com trabalho e aulas acontecendo pela internet, devem diminuir, na opinião de especialistas em redes ouvidos pelo RDTv nesta terça-feira (23). Segundo Marcos Forte, professor de Computação e coordenador de Tecnologia da Infraestrutura da FSA (Fundação Santo André); Mário Longato, professor de Tecnologia Computacional e Redes de Computadores da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), com a necessidade de mais serviço e velocidade, os clientes cobram maior eficiência e as operadoras também devem investir mais no serviço.
Para Longato, em pleno século 21, algumas áreas na região mais desenvolvida do país, a Metropolitana de São Paulo, há lugares onde a banda larga ainda não chega, daí a dificuldade de muitas pessoas para trabalhar em casa, ou alunos estudarem com aulas online. “Há 20 anos, quanto usávamos rede discada o Japão já tinha banda larga. O Brasil ficou muito atrás, no país temos atualmente temos as redes ADSL (Fibra) ou Cabo, mas a Tv a cabo tem capilaridade menor. Após a privatização teve investimento gigantesco, mas ainda muito aquém de outros países. Temos bairros periféricos da capital que não chega fibra”, comenta o professor da USCS.
Marcos Forte, da FSA, diz que as operadoras dividem o sinal dentro de uma estatística de uso médio. “O uso residencial não é dedicado, diferente de algumas empresas, é compartilhado por diversos usuários para reduzir o custo. As empresas tem uma estatística onde de cada 15 usuários, apenas dois usam ao mesmo tempo. Eles fazem esse cálculo, que é a quantidade adequada de usuários no link, e é por isso que a gente percebe uma degradação na pandemia porque isso mudou; essa estatística ficou defasada devido a mudança do uso, com mais videoconferência e outros acessos que não tinham anteriormente. O volume de upload esttá bem maior do que antes”, avalia o mestre da fundação.
A concorrência baixa entre poucas e grandes empresas que exploram os segmento de internet é o maior motivo pelo baixo investimento nos últimos anos, mas isso deve mudar com a cobrança maior dos usuários e a necessidade maior por serviços, que batem à porta destas operadoras. Segundo Marcos Forte, nos Estados Unidos são entre 80 e 90 empresas que disputam o mercado, no Brasil, são três grandes empresas. “A concorrência é baixa; tem umas três e em alguns lugares nem isso. O investimento é demorado e muito alto. É possível que as empresas esperem a pandemia acabar e as coisas voltem ao cenário anterior”, analisa, mas o professor da FSA diz que as operadoras podem estar “segurando” os investimentos aguardando a nova banda 5G. “Elas já vão ter o investimento enorme nos próximos anos que é a internet 5G”, prevê. Mario Longato completa: “Teremos sim o 5G num prazo curto, acredito que no ano que vem já teremos alguns insights do 5G”,
O custo da internet no país também é algo que mudou nos últimos anos, tornando-se mais acessível, mas na visão dos especialistas, ainda é cara. “Se paga caro aqui, mas estamos caminhando no sentido de ter redução. Já pagamos mais caro para usar a banda larga, mas estamos aquém. Se tivesse mais empresas seria melhor”, diz o professor da USCS.
Os dois professores concordam que a pandemia vai deixar um legado importante na parte de tecnologia da informação e internet. “Todas as instituições, em 15 dias, tiveram que se adequar da presencial para o ambiente virtual. Muitos colegas fizeram upgrade de banda, desembolsam um pouquinho mais e estão contentes para a demanda do seu trabalho. As operadoras vão faturar mais, porém vão ter que se mexer para melhorar a infraestrutura. Vão ter modelo diferente e mais rentável, mas terão que investir”, analisa Mário Longato. Já Marcos Forte diz que o cliente ficou mais exigente. Antes quando usava menos relevava algumas falhas no serviço, agora não tolera mais. “O uso ficou mais racional. Antes se ficasse sem umas horas era mais tolerável, agora deixa de atender cliente ou perde aula, ou seja, essa pandemia vai deixar o usuário muito mais crítico e ele via passar a cobrar mais as operadoras”, analisou.