Temporada de peças no palco

O ator Marcelo Serrado prepara-se para retomar um desejado hábito: o de representar em um teatro. A partir do dia 4 de julho, ele subirá no palco do Teatro PetraGold, no Rio, às 17 horas, para apresentar seu monólogo Os Vilões de Shakespeare. A rotina vai se repetir aos sábados e domingos de julho até o dia 19 e, diante dele, estarão apenas três câmeras, uma pessoa na plateia e um técnico na cabine. “Mas, pela internet, poderei ter até no máximo mil espectadores assistindo ao vivo”, festeja ele. “Alguém que estiver tão distante (em Roraima, por exemplo) poderá acompanhar.”

O espetáculo, que Serrado estreou em 2017, dá início ao projeto Teatro Já, criado pela atriz Ana Beatriz Nogueira e pelo ator e gestor do espaço André Junqueira. Com uma programação online que vai se estender até o fim do ano, o projeto tem como novidade a presença dos artistas no palco no momento da atuação, uma vez que boa parte das peças apresentadas atualmente na internet mostra cada intérprete em sua casa (leia abaixo).

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As encenações poderão ser vistas pela plataforma de streaming Zoom, que comporta até mil pessoas ao mesmo tempo. Os ingressos, no valor de R$10, podem ser adquiridos pelo site do Teatro PetraGold ( teatropetragold.com.br). Ao comprar um ingresso, a pessoa recebe um link de acesso com data e horário específicos para uso apenas nesse dia e hora. “Parte do valor arrecadado será destinado aos profissionais que não estão trabalhando graças às pandemia”, conta Ana Beatriz.

O risco do contágio, aliás, determinou regras de segurança. “Tomamos todos os cuidados para evitar contatos e proximidades”, explica a atriz. “Enquanto os atores acessarão uma entrada pela garagem do teatro que leva diretamente ao camarim, os técnicos chegarão por outro caminho, evitando contato.” O monólogo de Serrado, na verdade, vai dar a largada de uma ampla programação, que vai ocupar todas as tardes do PetraGold: o cronograma já conta com 14 peças, entre solos, shows musicais e, cereja do bolo, apresentação de textos inéditos. “Para começar, convidamos quem já tinha espetáculos montados, mas teremos novidades: pedi aos amigos que desengatassem projetos não realizados para finalmente serem encenados.”

Com isso, foi possível elaborar uma programação diversificada e intensa: enquanto Serrado ocupar o horário dos sábados e domingos de julho, a própria Ana Beatriz assume o palco às terças e quartas para encenar o monólogo Um Dia a Menos, inspirado no conto de Clarice Lispector. As quintas-feiras estão reservadas para Paulo Betti e seu solo Autobiografia Autorizada, enquanto Emilio Orciollo Netto leva seu Também Queria te Dizer às sextas. Todos espetáculos ocorrem às 17h e, como se trata de uma temporada, quem não conseguiu assistir à apresentação de um determinado dia, terá outros como opção – o mesmo formato que existia antes de a pandemia paralisar as casas de espetáculo.

Ana Beatriz e André Junqueira reservaram as segundas-feiras para a música. “Fiquei sensibilizada com a história do violonista e arranjador Luis Filipe de Lima, que colocou à venda seu violão de sete cordas para poder pagar juros bancários”, explica a atriz. “Nós o convidamos para organizar encontros musicais e ele logo elaborou a programação.”

Assim, no dia 6 de julho, Luis Filipe recebe Soraya Ravenle para a releitura dos sucessos de Dolores Duran, Carmen Miranda e Isaurinha Garcia, cantoras fundamentais da MPB. Na semana seguinte, dia 13, Verônica Sabino revisita a vasta obra de Martinho da Vila, enquanto que, no dia 20, Soraya Ravenle está de volta, ao lado de Marcos Sacramento, para reviver o espírito do teatro de revista. Na última segunda-feira de julho, Luis Filipe terá Inez Viana como parceira de palco para interpretar o repertório de Lupicínio Rodrigues, referência do samba-canção.

“Nesse dia, eu ficarei na plateia”, diz Ana Beatriz, que preferiu sempre deixar um convidado no lugar normalmente reservado ao público. “É uma forma de os artistas saberem que há alguém ali, assistindo à sua atuação e representando o público que estará na internet. Pode parecer triste fazer espetáculo para uma só pessoa, mas, como já passei por isso, sei que a determinação do artista tem de ser a mesma.”

Textos inéditos serão apresentados a partir de agosto, como Leonilson (Sob o Peso dos Meus Amores), em que Arlindo Lopes retrata o artista plástico. Ana Beatriz encena, em setembro, Eu Vou!, texto de Zélia Duncan, enquanto Lilia Cabral vai dividir o palco com a filha, Giulia Bertolli, para uma peça que ainda não tem título.

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