Bancários reclamam de demissões mesmo com aumento do número de infectados

Fila na agência Santander do Centro de Diadema, que chegou a ser temporariamente fechada após funcionário se infectar com a covid-19. (Foto: George Garcia)

O presidente do Sindicato dos Bancários do ABC, Belmiro Aparecido Moreira, reclama que os bancos iniciaram em junho um procedimento de demissões na categoria. Segundo o sindicalista, o número de funcionários das instituições financeiras infectados pela covid-19 também aumentou nos últimos dias. No primeiros 40 dias de pandemia foram dois infectados, mas agora o Sindicato perdeu a conta.

Não há um número oficial que mostre o tamanho do desemprego no país durante a pandemia da covid-19. O Caged (Cadastro Geral de Emprego e Desemprego), do Ministério do Trabalho, foi suspenso em fevereiro e o último levantamento é de dezembro. Os sindicatos dos trabalhadores também sofrem da falta de informação para balizarem ações. “As homologações não são feitas mais no sindicato, por isso não temos informações sobre quanto a pandemia afetou a categoria, o que sabemos é o que nos chega por relato dos trabalhadores”, disse o sindicalista.

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De acordo com Belmiro Moreira, por conta da necessidade de muitos clientes que não tinham familiaridade com os procedimentos digitais dos bancos e a consequente corrida às agências, principalmente para sacar benefícios, os bancos mantiveram o quadro de trabalhadores nos dois primeiros meses de pandemia, mas começaram a demitir em junho. “Num primeiro momento, mantiveram o compromisso de não demitir, mas isso valeu só para os dois primeiros meses, agora estão demitindo”, diz.

O sindicalista relata que a partir da semana de 7 de junho o Santander começou a demitir. “O banco anunciou um corte de 20% dos funcionários, isso é em toda a rede no País. O Banco Mercantil do Brasil  também já começou a cortar pessoal, inclusive aqui no ABC”, destacou o presidente do Sindicato dos Bancários.

Moreira diz que a categoria foi a primeira a firmar compromisso pela preservação da vida durante a pandemia. O acordo com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) previa, entre outras coisas a manutenção dos empregos e a suspensão da exigência de metas.

Covid-19

Belmiro Moreira diz que todos os dias o sindicato recebe informe de novos casos de covid na categoria. (Foto: Banco de Dados)

Os bancos não chegaram suspender o atendimento durante a pandemia, mantiveram o mesmo que em horário reduzido a recepção dos clientes. Desde os primeiros dias de pandemia o RD tem denunciado o grande número de clientes nas portas das instituições bancárias em longas filas. O lançamento do programa federal Auxílio Emergencial, agravou a situação. Apesar das medidas adotadas pelas agências o contato entre os bancários e os clientes aumentou a capacidade de transmissão. “Nos primeiros 40 dias de quarentena, tivemos apenas dois casos de funcionários doentes. Depois desse primeiro período perdemos a conta, pois todo dia tem casos novos sendo informados. Aí tem todo um protocolo de fechar a agência higienizar tudo e afastar todos que tiveram contato com os doentes”, conta Moreira.

Santander

Duas agências do Banco Santander, em Santo André, foram temporariamente fechadas no dia 18/6 para desinfecção, porque uma funcionária, que atuou nas duas unidades, teve confirmação de infecção pela covid-19. As agências são a do  Shopping Santo André e a da rua Correia Dias, no Centro da cidade. Outro caso foi registrado agência do mesmo banco, mas este no Centro de Diadema. Segundo o sindicato, o trabalhador doente está afastado desde o dia 17/6, e segue internado. A representação dos trabalhadores esteve no local e ficou acertado o fechamento da unidade, o afastamento do pessoal para observação e a reabertura com nova equipe.

Em nota o Santander nega que estejam ocorrendo demissões. “O Santander faz parte do abaixo-assinado Não Demita, tendo sido uma das primeiras empresas no Brasil a anunciar que não faria nenhuma ação neste sentido até o final de maio. Nosso compromisso social segue inabalável. Anunciamos recentemente a busca de mais de 1.000 profissionais na área de tecnologia e iniciamos uma nova operação de atendimento no sul do Brasil que poderá gerar mais de 4.000 empregos ainda este ano. Em paralelo, como parte da gestão de qualquer negócio, a liderança do Banco iniciou um processo de reavaliação do nível de produtividade de suas equipes, que deve ser contínuo em uma empresa que busca manter o melhor nível de eficiência da indústria. O movimento é necessário para fazer frente a um entorno muito mais desafiador, além da necessidade de navegar com eficácia em um ambiente de arquitetura aberta, trabalho em rede e busca incessante de níveis de automação ainda mais contundentes. Este quadro de mudanças inclui, por exemplo, o trabalho remoto de equipes de forma mais permanente, já a partir do segundo semestre. A meritocracia é um dos grandes valores da instituição e é o filtro que pauta qualquer medida na esfera de gestão do nosso capital humano”, diz em nota enviada ao RD.

O banco disse que a informação passada pelo sindicato de corte de 20% no quadro de pessoal foi publicada de forma equivocada pelo jornal Folha de S. Paulo. “O Santander repudia a informação publicada pela Folha de S. Paulo, dando conta de que a organização planeja demitir 20% de seu quadro de funcionários. Essa informação não é verídica e o título denota uma total falta de sensibilidade em relação aos mais de 45.000 funcionários da empresa. Lamentamos profundamente a abordagem sensacionalista”. O banco disse ainda que abriu 1,5 mil vagas na área de tecnologia. Os interessados podem se inscrever pelo endereço https://santander-tech.gupy.io/.

O RD procurou o banco Mercantil do Brasil para se posicionar sobre as demissões, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria.

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